CHOVE MAIS FORA OU DENTRO? ("Eu perdi o meu medo, meu medo, meu medo da chuva/ Pois a chuva voltando pra terra / Traz coisas do ar..." — Raul Seixas)
Era uma atividade simples, mas era uma responsabilidade deles, passei-a em todas as turmas: fazer uma charge sobre comportamentos ecologicamente corretos. No início do ano letivo, faço assim para recepção, todavia dessa vez, a aluna me perguntou: - "Você dá isso em todas as salas?" Pareceu-me que alguém estava desestimulando-os quanto à minha atividade simples de desenhar para socialização inicial. A aula de português já estava pela metade, e muitos não estavam interessados, valendo-se das brechas das normas, pedindo para sair: - "Cadê o crachá para eu ir no banheiro, professor?" Foi então que o céu nublado derreteu-se em chuva, correram quase todos para a porta e não adiantava pedir para saírem de lá, ver a água cair era mais importante do que minha verbosidade, eles resistiram minhas ordens até quando alguém me denunciou à coordenadora, quando a viram vindo, voltaram correndo para os seus lugares, causando o maior reboliço. Que posso fazer além de falar educadamente, senão aguardar em silêncio a boa vontade deles.
Se os repreendo veemente, acusam-me na hora dos informes, de xingá-los que é pior perante à comunidade, então é menos mau que me chame de desleixado e deixar que o destino lhes pague, porque ele já tem sido cruel demais comigo. No entanto, outros professores agem de forma diferente, e alguns contam com dons naturais (beleza e juventude), Deus os favoreceu. Mas, os alunos não mudam rapidamente só com o fetiche do momento, o trabalho eficaz é do tempo, demora, pois as pancadas do tempo esperam eles baterem primeiro em alguém.
Penso que minha responsabilidade como profissional da educação, licenciado e pós-graduado em minha área de atuação, deveria limitar-se na transmissão do conteúdo que é de direito e lhes dar um bom exemplo de vida, porém fazê-los me ouvir e mantê-los sentados, deveria ser educação de casa e consciência deles, não se ensina rebeldes. E nem o professor é culpado por desajustes psicológicos de adolescentes malcriados. Sobretudo, se se pretender forçá-los, não fará nem uma coisa, nem a outra! E os fracos pais e superiores jogam suas culpas nos indefesos mestres.
Se o trabalho do professor se encerra só em manter os alunos sentados fazendo qualquer coisa de porta fechada, então quem ensina não precisa de faculdade, apenas de ensino médio por correspondência. Basta uma conexão na internet e o equipamento de polícia. E a chuva vai demorar passar, se é que passará um dia! Não antes que eu morra!