Ruhani e Renzi
Podia bem ser uma dupla breganeja, mas estão furos acima na desafinada escala orquestral do planeta, respectivamente, chefes dos governos da República Islâmica do Irã e da República Italiana. Encontraram-se uma única vez, em Roma, há poucos dias, e não consta que terão muitas oportunidades de reencontro pela frente. Ou até mesmo na eternidade já que crêem em paraísos diferentes.
O mandatário iraniano está fazendo sua viagem solo de lua de mel pela Europa, após décadas de isolamento de seu país, quebrado agora por um acordo nuclear com o mundo ocidental, que dá segurança de dias menos belicosos no porvir. Menos para Israel, é claro, que por poveleito, em tudo dá um jeito de botar defeito.
No encontro mais solene de Roma, para formalizarem acordos bilaterais, num suntuoso palácio, algo de inusitado chamou a atenção dos telespectadores: toda a estatuária do salão nobre foi revestida de tábuas, literalmente encaixotando as estátuas.
O que se revelou, ou se descobriu, diante daquela insólita cena, foi que os italianos não quiseram constranger o insigne visitante e sua delegação com a exposição de estátuas a la romana. E que até mesmo uma estátua equestre do egrégio imperador-filósofo Marco Aurélio, impossível de ser encaixotada pelo volume que ocupa, motivou o afastamento do leitor de discursos para bem distante, de molde a dificultar ao máximo que Sua Excelência visitante se desse de cara com a genitália cavalar do animal do Imperator Maximus Marcus Aurelius...
Numa altura dessas, não duvido que Sofia Loren fosse afastada do almoço oficial, sob o risco de que seu ousado decote viesse a ferir, com furor - convém conferir - o olhar casto de Ruhani, o eleito dos aiatolás...