POR QUE NÃO EXPLORAMOS NADA DA NATUREZA?
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Por que nada da natureza é explorado com fins medicinais? Pessoas que a mantém em pé, estão morrendo de fome por não poder pescar ou caçar, nem para garantir seu sustento? A floresta guarda segredos milenares. Os índios já a usavam para produzir seus remédios naturais! Não havia medicamentos e tudo tinha que ser tirado da floresta para combater as doenças. Por que esses valores foram esquecidos? Com tantas tecnologias disponíveis, os homens brancos do Brasil, não a usam em seu próprio proveito e nem pela vida. Os estrangeiros, conhecem bem a floresta, pesquisam, desdobrem patenteiam e produzem remédios! Os laboratórios os vendem ao Brasil, a preços muitas vezes exorbitantes, enquanto pedidos de parentes para produzir novos remédios “in Brasil”, “mofam” nas gavetas da burocracia que tomou conta do país. Sem propinas para rompê-la, nada anda! Essas perguntas sempre me ocorrem enquanto me observo e não me reconheço à frente de um espelho do banheiro, passando no rosto um aparelho elétrico da Philips, presente de Natal de minha esposa, Yara Queiroz.
Temos potencial e tecnologia, mas falta vontade política e programas de desenvolvimento que se voltem a essa atividade inesgotável que, com certeza, será o futuro do projeto Zona Franca de Manaus: pesquisas de novas formas para desenvolver os produtos naturais! Os segredos da floresta não são pesquisados ou descobertos e patenteados como remédios para serem produzidos por laboratórios brasileiros porque os laboratórios estrangeiros não permitem!
Retorno ao passado e só me vejo desejando usar barba no rosto. Adolescente influenciado pelas conversas de amigos, esfregava cebola cortada nele e creme de abacate que comprava pelo Correio. Diziam que cresceria forte e grossa. Acreditava! Se foi resultado disso, não sei, mas dos 22 aos 44 anos usei barba no rosto, em todos os tamanhos... As vezes era grande, as vezes pequena, outras vezes me chamavam de “tétrico”, outras vezes de “horrível”, mas nunca me incomodei com isso! Olho-me agora e não me reconheço. Atendendo pedido de minha esposa deixei a barba crescer. Seria o papai noel dos sobrinhos-netos dela. Depois pediu para tirá-la toda e, agora, sempre que tomo banho, tenho que passar, o aparelho de barba no rosto todos os dias. Ela cresce rápido demais e me incomoda, coça e espeta.
Usava um cabelo grande, cacheados. Quando molhados, esticavam e alcançavam à o meio das costas. Hoje, a careca é a calvície é minha marca registrada. O cabelo e a barba, os tratava muito bem. Eram meus dois tesouros. Devido a uma gastrite aguda erosiva decidi cortar aos poucos. Era editor geral no Jornal do Comércio, em Manaus. Primeiro, cortei o cabelo. Depois a barba. Mudei a posição dos móveis, a cor do carro foi mudada. Mudei de emprego. Passei a trabalhar no Diário do Amazonas, como Editor Geral. A psicóloga, disse que sofria de psicossomatismo e transferia da mente para ao estômago as dores que sentia por saber de corrupção dentro e não poder denunciar nada devido à censura na imprensa, quer direta, quer indireta na época da censura militar; quer pelo poder financeiro.
Depois de me achar curado da gastrite, passei a sangrar na costa da mão. Parecia uma micose, mas não era. Estive várias vezes em consulta com o dermatologista, Dr. Carlos Alberto Chirano. Não sabendo mais o que receitar de pomadas e cremes, pediu um exame de fungos, realizado somente no laboratório do INPA, em Manaus. Fiz, mas o resultado não foi conclusivo e novas pomadas e cremes foram passados. Fiz tudo que a psicóloga recomendou e fui melhorando aos poucos. Um dia, visitando o sítio do meu pai, Paulo Costa, olhando para minha mão que sangrava e me perguntou: “quer ficar bom disso?” “Quero!”. Foi ao lago, trouxe-me uma semente de uma fruta que se parte ao meio quando está madura. Mandou que raspasse e colocasse sobre o que parecia ser uma impinge. Disse-me que iria doer e doeu mesmo, mas aguentei. Nunca mais procurei o Dr. Carlos Chirano para novos exames e remédios. Fiquei curado da gastrite e da mão. Também não sei dizer se foi a semente que raspada que me proporcionou a cura; fiquei totalmente bom!
Por que estou narrando isso?
Não tenho dúvidas que a natureza é pródiga em produtos que, se explorados cientificamente, curariam muitas doenças. Acompanhando o presidente Sarney, sua esposa Marli e comitiva em uma visita à chamada “Cabeça do Cachorro”, em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Depois de uma hora de voo, fomos recepcionados pelas freiras com maionese no almoço e ficamos hospedados em um hospital, especialmente preparado para todos da comitiva. Os índios, estranhando tanta gente e tantos aviões na pista, ficaram olhando e rindo pelas janelas teladas, a cada vez que um jornalista se virava na cama. Achando tudo muito engraçado, não dormiram, velando nosso sono. No dia seguinte todos estavam com diarreia e procuramos o banheiro: havia uma fila imensa! Um dos colegas, mais grave e desidratado, ficou tomando soro no hospital. O piloto também passou mal e não conseguiria voar por uma hora. Não existia banheiro no avião. Vendo o aperreio de todos, um índio veio a margem da pista recomendou: “mastiguem a folha mais nova da goiabeira, o broto, engulam o sumo que se formará na boca e podem embora sem problemas”. O índio nos deu a folha de goiabeira para mastigar. Voltamos tranquilo até São Gabriel e depois até Manaus e ninguém foi ao banheiro. Intrigado com, solicitei ao químico, Dr. Shubert, pesquisador e dono da empresa Farmakus da Amazônia, que acreditou e investiu no desenvolvimento da biotecnologia no Amazonas. O pesquisador não prosseguiu não me deu resposta do poderia existir de propriedades no sumo da folha mais nova da goiabeira, o chamado broto!
E por que comecei escrevendo sobre passar cebola no rosto para endurecer os pelos da barba, misturei com outros assuntos e terminei falando de goiabeira? Porque tenho certeza que temos uma das maiores fontes de produtos naturais na Amazônia e não a exploramos: o Instituto de Biotecnologia nunca funcionou e a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia foi extinga pelo Governo José Melo. Até quando vamos viver acabando com o que era bom e investindo no que é ruim para o futuro da ZFM? Até quando desprezaremos o nosso potencial em remédios e permitindo que estrangeiros pesquisem, patenteiam e vendam os produtos a partir das na Amazônia para o Brasil e o mundo, ficando cada vez mais ricos com as patentes que desenvolvem. Enquanto isso, um remédio leva muitos anos esperando um despacho na Anvisa pelo deferimento ou indeferimento de sua parente.
No mínimo, isso é muito estranho!