Tudo normal

Romeu Prisco

É assim que podem ser encaradas as cenas do primeiro dia de venda de ingressos para os Jogos Pan-americanos. Longas filas e longas esperas, ingressos esgotados antes mesmo de chegarem às bilheterias, alguns poucos nas mãos dos eternos cambistas e o povo interessado em prestigiar aquele evento que vá se queixar ao bispo !

É assim que podem ser encaradas as repetitivas cenas dos nossos aeroportos, lotados de passageiros desesperados, sem informações, sem assistência, sem aviões, sem vôos, sem possibilidade de estimativa de chegada aos seus destinos e, principalmente, sem a menor perspectiva de que algo de anormal aconteça para pôr fim ao caos !

É assim que podem ser encaradas as não menos repetitivas cenas de supostos beneficiários da Previdência Social, mormente daqueles que vão em busca de aposentadoria e que agora encontram as dependências do INSS vazias, mas, que não podem ser atendidos porque as entrevistas devem ser previamente agendadas pelo telefone, o que não deixa de ser uma nova maneira de se dizer "volte daqui três ou quatro meses" !

É assim que podem ser encaradas as igualmente repetitivas cenas do "caso" que envolve o Presidente do nosso Senado Federal, tendo, de um lado, alguns poucos abnegados, desejosos de colocar as coisas em pratos limpos, e, de outro, o réu que virou vítima, apoiado por um bando de puxa-sacos, batendo o pé no chão e dizendo "daqui não saio, daqui ninguém me tira" !

É assim que podem ser encaradas as surradas cenas das ações da polícia carioca, agora com o auxílio da Guarda Nacional, objetivando ocupar o "Complexo do Alemão" e acabar com a bandidagem ali existente, numa frustrada guerra em que o maior perdedor tem sido a sociedade inocente !

Enfim, o grande problema do Brasil se constitui no fato de ser um país onde reina a mais absoluta normalidade. Ou há quem prove o contrário ?

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