O beijo é bom e ruim...É carnaval!
1. No carnaval, a gente se beija adoidado!
Troca-se beijos nos salões e no chão da praça, sob o mais ridente sol momino; e até debaixo de um inesperado e impiedoso toró. Os foliões se beijam a qualquer hora e em qualquer lugar sem ligar para o que está acontecendo ao seu derredor.
2. Desconhecidos que, de repente, o carnaval uniu, trocam "beijos de língua" sob a luz dos holofotes e ao som de instigantes músicas carnavalescas, quase sempre depois de repetidas doses dessa ou daquela bebida, ou de outras drogas nada aconselháveis. Beijar, naquele momento de orgia momesca, é o que, em verdade, lhes interessa.
3. Nos meus tempos de gandaia, ao penetrar nos salões, logo descobria, no meio da multidão, a parceira ideal para minhas aventuras carnavalescas.
Havia sempre alguém disposta a me acompanhar na dura tarefa de dançar uma marchinha, posto que, de folião eu tinha muito pouco. Ela me botava nos seus braços de foliã irrepreensível e fazia o meu carnaval acontecer.
4. Depois de alguns tragos da bebida da época, o cuba-libre, trocava, com minha parceira, demorados beijos, cuidando para que "nosso momento" tivesse poucos como testemunhas... o que era impossivel. É, naquele tempo era assim. Os mais velhos sabem disso.
5. Beijar na boca ainda não havia se tornado uma coisa natural a ponto de ser praticado, sem constrangimentos, na presença de maiores e de menores de idade como ocorre nos tempos d´agora. Tinha que ser o mais discreto possível; escondidinho; e com pouca e sutil participação da língua...
6. Com todas as restrições imposta pela sociedade tacanha e fingida daquela época, beijar uma foliã forasteira era o que de melhor podia acontecer a um "pierrô apaixonado". Pena que o reinado de Momo durava rigorosamente três dias - domingo, segunda e terça - pra tudo acabar na quarta-feira, como diz a conhecida canção popular.
7. No entusiasmo do folião adolescente, eu beijava à beça. Ignorava o perigo que corria ao distribuir, com incrível prodigalidade, dezenas de beijos em bocas desconhecidas, mas de formosura cativante. Bocas irresistíveis!
8. Escreveu uma pesquisadora, sobre a qual falarei a seguir, que "durante um beijo apaixonado, nossos vasos sanguíneos se dilatam e nosso cérebro recebe mais oxigênio do que o normal. Nossa respiração torna-se irregular e mais profunda, nossa face enrubesce, o pulso acelera e as pupilas dilatam (talvez seja uma das razões por que as pessoas fecham os olhos)".
9. Ao beijar na boca, sei agora, corre-se um sério risco. Eu ainda não tinha lido A Ciência do Beijo, da pesquisadora norte-mericana Sheril Kirshenbaum.
No capítulo nono, ela escreve, com todas as letras: "A boca humana é um lugar imundo e um terreno fértil para legiões de bactérias, esses organismos unicelulares microscópicos que mantém a indústria do sabão antibacteriano em franca expansão".
10. Nesse mesmo capítulo ela mostra que o beijo é "um condutor ideal para as bactérias...", dando ao leitor a certeza de que beijar na boca é o que de pior pode acontecer a um beijoqueiro. É ler e dizer: beijo na boca, jamais!
11. Prosseguindo na leitura, chega-se, porém, à conclusão de que o beijo na boca não deve ser abolido, porque é transmissor de vírus e bactérias.
A própria pesquisadora garante que "na realidade, em geral a quantidade de germes perigosos transmitidos durante um aperto de mão é maior do que durante um beijo."
12. Cuidando de não apavorar os amantes do beijo, criando neles o medo de beijar (filematofobia), Sheril adverte que "os aspectos perturbadores, sujos e alérgicos do beijo" poderão ser minimizados com a permanente higiene bucal. Menos mal.
13. Para as foliãs e principalmente para os foliões deixo um lembrete colhido no livro A Ciência do Beijo, que acabo de reler: escovem os dentes antes de mergulhar na folia.
E beijem sem medo! As bactérias fugirão diante de um beijo dado com muito amor, embora seja um amor passageiro, um amor de carnaval...
1. No carnaval, a gente se beija adoidado!
Troca-se beijos nos salões e no chão da praça, sob o mais ridente sol momino; e até debaixo de um inesperado e impiedoso toró. Os foliões se beijam a qualquer hora e em qualquer lugar sem ligar para o que está acontecendo ao seu derredor.
2. Desconhecidos que, de repente, o carnaval uniu, trocam "beijos de língua" sob a luz dos holofotes e ao som de instigantes músicas carnavalescas, quase sempre depois de repetidas doses dessa ou daquela bebida, ou de outras drogas nada aconselháveis. Beijar, naquele momento de orgia momesca, é o que, em verdade, lhes interessa.
3. Nos meus tempos de gandaia, ao penetrar nos salões, logo descobria, no meio da multidão, a parceira ideal para minhas aventuras carnavalescas.
Havia sempre alguém disposta a me acompanhar na dura tarefa de dançar uma marchinha, posto que, de folião eu tinha muito pouco. Ela me botava nos seus braços de foliã irrepreensível e fazia o meu carnaval acontecer.
4. Depois de alguns tragos da bebida da época, o cuba-libre, trocava, com minha parceira, demorados beijos, cuidando para que "nosso momento" tivesse poucos como testemunhas... o que era impossivel. É, naquele tempo era assim. Os mais velhos sabem disso.
5. Beijar na boca ainda não havia se tornado uma coisa natural a ponto de ser praticado, sem constrangimentos, na presença de maiores e de menores de idade como ocorre nos tempos d´agora. Tinha que ser o mais discreto possível; escondidinho; e com pouca e sutil participação da língua...
6. Com todas as restrições imposta pela sociedade tacanha e fingida daquela época, beijar uma foliã forasteira era o que de melhor podia acontecer a um "pierrô apaixonado". Pena que o reinado de Momo durava rigorosamente três dias - domingo, segunda e terça - pra tudo acabar na quarta-feira, como diz a conhecida canção popular.
7. No entusiasmo do folião adolescente, eu beijava à beça. Ignorava o perigo que corria ao distribuir, com incrível prodigalidade, dezenas de beijos em bocas desconhecidas, mas de formosura cativante. Bocas irresistíveis!
8. Escreveu uma pesquisadora, sobre a qual falarei a seguir, que "durante um beijo apaixonado, nossos vasos sanguíneos se dilatam e nosso cérebro recebe mais oxigênio do que o normal. Nossa respiração torna-se irregular e mais profunda, nossa face enrubesce, o pulso acelera e as pupilas dilatam (talvez seja uma das razões por que as pessoas fecham os olhos)".
9. Ao beijar na boca, sei agora, corre-se um sério risco. Eu ainda não tinha lido A Ciência do Beijo, da pesquisadora norte-mericana Sheril Kirshenbaum.
No capítulo nono, ela escreve, com todas as letras: "A boca humana é um lugar imundo e um terreno fértil para legiões de bactérias, esses organismos unicelulares microscópicos que mantém a indústria do sabão antibacteriano em franca expansão".
10. Nesse mesmo capítulo ela mostra que o beijo é "um condutor ideal para as bactérias...", dando ao leitor a certeza de que beijar na boca é o que de pior pode acontecer a um beijoqueiro. É ler e dizer: beijo na boca, jamais!
11. Prosseguindo na leitura, chega-se, porém, à conclusão de que o beijo na boca não deve ser abolido, porque é transmissor de vírus e bactérias.
A própria pesquisadora garante que "na realidade, em geral a quantidade de germes perigosos transmitidos durante um aperto de mão é maior do que durante um beijo."
12. Cuidando de não apavorar os amantes do beijo, criando neles o medo de beijar (filematofobia), Sheril adverte que "os aspectos perturbadores, sujos e alérgicos do beijo" poderão ser minimizados com a permanente higiene bucal. Menos mal.
13. Para as foliãs e principalmente para os foliões deixo um lembrete colhido no livro A Ciência do Beijo, que acabo de reler: escovem os dentes antes de mergulhar na folia.
E beijem sem medo! As bactérias fugirão diante de um beijo dado com muito amor, embora seja um amor passageiro, um amor de carnaval...