Pequenas histórias 127
Os dedos não
Os dedos não se calam, mesmo sem assunto acarinham a pele da escrita que se esparrama pelo corpo como beijos sedosos deleitando-se com o olhar do leitor. Visualizam-se nas manhãs de outono as excentricidades dos compromissos profissionais, financeiros e consumistas deturpando o laser dos finais de semana.
Deixa-se cair no barroquismo das palavras em detrimento do conteúdo cultuando a beleza da frase esquecendo-se da simplicidade.
A criatividade é tomada por lugares comuns no cotidiano caótico e sofrível perdendo-se nos emaranhados de silogismos de difícil entendimento.
É necessário livrar-se do diletantismo urbano e voltar às raízes rurais para realmente ser compreendido pelo grande público e não somente a um grupo restrito de leitores. Necessário voltar. Renascer como a Fênix partindo do zero. Se possível despojar dos clássicos atrofiando a criatividade. Jogar no limbo regras, teorias absoletas que só deturpam o ritmo das falas. Principalmente quando a mente, grande censora, não assimila enfaticamente as lições, tanto da vida como da intelectualidade. Voltar. Sempre há uma volta ao inicio do aprendizado, ainda nos bancos escolares, carregado de imperfeições que deveriam durante o trajeto, ser aparado, desbastado. Voltar ao inicio, ao fragmento secundário do desconhecido colhendo dia após dia, as experiências que alicerçará o novo escritor. Colherá ele, a cada segundo, pedra por pedra, o seu castelo de ilusões de literato da internet. Os dedos não se calam, pois com assunto ou sem assunto, sua carícia deve ser sentida evoluindo a cada leitor, os sentimentos incrustados em cada letra.
pastorelli