Um personagem chamado Bolsonaro
Jair Bolsonaro quer ser presidente. Talvez ele ainda seja. É muito fácil de você entender que no final da contas Bolsonaro pode vir a ter força política capaz de garantir uma eleição para presidente. Eu jamais votaria em alguém como o Bolsonaro por creditá-lo ao status de extrema direita. Não gosto de extremos. Nem direita nem esquerda. Extremismo em excesso é burro, seja para qual lado for.
Vi um colunista da capital o entrevistando nesta semana. No outro dia ele escreveu em sua coluna que o deputado do PP jamais será presidente. Não penso assim. Em condições normais tenho convicção que seria mais difícil para ele do que pro Aécio, Marina e até mesmo para uma volta do Lula, mas o momento vivido pelo Brasil não é normal.
O Lula está cada vez mais arranhado pelo pente fino da Lava Jato e os erros do PT nos seus anos de governo. Pois o Lula é o PT e o PT é o Lula. Aécio é no meu ver o candidato mais forte, mas ainda terá que enfrentar uma maratona dentro do próprio PSDB. Marina com sua Rede dificilmente terá estrutura política para buscar uma eleição de igual para igual com PSDB, PT e uma possível candidatura do PMDB.
Mas vamos ao Bolsonaro. Primeiro é bom dizer que ele tem bagagem eleitoral considerável na região sudeste. Tanto que se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro e elegeu seu filho por São Paulo. Tem votos no Rio e em São Paulo capaz de eleger a própria família. Bolsonaro foi o terceiro mais votado do Brasil nas últimas eleições, e o mais votado do Rio de Janeiro, ou seja, Bolsonaro tem votos.
O discurso de Bolsonaro é semelhante ao discurso de uma grande parcela dos brasileiros. Ele diz defender a família brasileira. Defender as crianças de receberem nas escolas materiais de educação homossexual. Engana-se quem pensa que a maioria dos brasileiros não pensam da mesma coisa. Certo ou errado, é um pensamento de uma grande parcela dos brasileiros.
Bolsonaro também é favor do porte arma. A maioria dos brasileiros, demonstram pesquisas, também são, com aquela velha frase “desarmar o cidadão não é a solução”. É favorável a corte de recursos para os direitos humanos e transferência destes recursos para as famílias de policiais mortos ou para aquelas desmanteladas pelo crime. É contra auxilio reclusão dizendo que os presos teriam que trabalhar para pagar sua estádia e se possível ainda pagar para família para a qual fizeram mal. Eu pergunto, alguém é louco de afirmar que a maioria dos brasileiros, no Brasil atual, não o é?
Ele é a favor da redução da maioridade penal. Pesquisas mostram que maioria dos brasileiros também. Ele é contra a CPMF e o aumento de outros impostos. A maioria dos brasileiros também.
Ou seja, por mais, que muitas vezes não seja levado a sério, assim como Eneas não o era, Bolsonaro é um candidato que infelizmente reflete a opinião de uma parcela gigantesca de nosso Brasil atual. É a triste e pura realidade de um país onde as instituições não funcionam.
Seu discurso gritado é ouvido e interpretado por muitos como um discurso de revolta contra a corrupção, os erros da política econômica, a criminalidade, as causas humanas e sociais, as lutas LGBT e em um país como nosso que nunca deixou de ser preconceituoso e que esta aceitando algumas coisas goela abaixo, indignado com uma crescente quebras do sistema central, este discurso pode arrebatar muitos corações esperançoso e desgarrados dos políticos “tradicionais”.
Bolsonaro não pode ser presidente. Sua ligação com o militarismo, seu perfil extremamente autoritário, sua falta de habilidade para o dialogo e o seu discurso sempre de indignação espetaculosa poderia trazer uma catástrofe não só para a sua gestão como para a nossa adolescente e frágil democracia. Agora uma coisa, é eu achar que ele não pode ser, a outras é eu ser inocente ao ponto de pensar que ele não tem condições de ser.
Abrirá no mês de março uma janela onde políticos poderão trocar de partidos sem a perda de seus mandatos. Ele já avisou que deve sair do PP para se filiar ao PSC, mesmo contra a vontade de uma grande parcela dos progressistas que já o apóiam.
O PSC tem mais um nome polêmico na sua lista. Marcos Feliciano. Ambos podem até ostentar uma dobradinha. Um representa a chamada bancada da bala o outro a bancada evangélica, mas ambos assumem um papel de extremo conservadorismo e carregam consigo uma gigantesca popularidade para o bem ou para o mal e num país com a extensão do Brasil ser conhecido é o primeiro passo para largar na frente, afinal quem não é visto, não é lembrado.
Nas últimas eleições o candidato do PSC foi o Pastor Everaldo que chegou a aparecer em alguns momentos como um candidato a ser considerável, ninguém pode negar que Jair Bolsonaro é mais candidato que Everaldo.
Você já pensou em um hipotética cenário de segundo turno onde se enfrentariam Lula e Jair Bolsonaro? Eu já pensei e até por isso tenho me perguntado: Será que aquela tecla branca da urna eletrônica funciona direitinho?