CORES
Sempre acreditei nas cores.
Gosto sobretudo do verde. Quando estou em casa à tarde, fico esperando ansiosa que o relógio alcance as quatro horas, melhor hora do dia, que é quando a luz parece beijar as folhas do meu pequeno jardim, fazendo tudo se acender. E eu ganho pros meus olhos milhões de tons de um mesmo verde ofuscante.
Outro dia assisti a um vídeo sobre a segunda guerra mundial. Nas imagens em preto e branco, apareciam filas de gente caminhando utilizando a mesma roupa, provavelmente da mesma cor. Essa era uma das maneiras que o governo comunista tinha de garantir “igualdade” a todos. Produzindo em grande escala e distribuindo uniformes exatamente iguais para a população. No vídeo era tudo cinza. Era opressão. Um sofrimento acinzentado.
Antes disso até, na época da revolução industrial, as máquinas eram a grande sensação e o grande motivo de alegria dos donos de fábricas. Isso porque elas proporcionaram a produção em massa de vários tipos de produtos. Imagine só poder produzir infinitamente mais e gastando menos com mão de obra. Um sonho.
Hoje olho em volta e vejo muitas pessoas ostentando roupas, acessórios e até cabelos coloridos, o que para os meus olhos é um deleite. Entretanto, esse vídeo real a que assisto hoje, quase 80 anos depois da segunda guerra, ainda é o mesmo. Caminhamos pelas ruas com nossas cabeças baixas, vestindo, utilizando e comprando o que nos impõem sem que a gente perceba. Fazemos o que dita a moda, em busca de aceitação e integração.
No fundo, somos aquelas pessoas do vídeo da guerra. Como na revolução industrial, as máquinas são dominantes.Caminhamos em cima da esteira de produção com nossos celulares, tablets, TVs e computadores. Nossas roupas são coloridas mas predomina um sorriso branco na foto e amarelado por dentro. Ostentamos em redes sociais o pensamento produzido na esteira ideológica, seguindo ordens de um general que nos manda caminhar, sem sabermos para onde e nem por quê. Pensamento cinza, jogado no vento feito panfleto de rua.
É preciso refletir para colorir mais.
Sou a favor do arco-íris do pensamento.