Adultas crianças
E que isso não soe como um desabafo.
A verdade é que o tempo passa e tudo acaba se tornando mais difícil. O cansaço consome tudo: nada mais é tão alegre, bom, limpo, bonito, ou mesmo ruim, nojento ou feio depois que a juventude começa a ir embora. Então, olhamos para nossos sapatos; precisamos de outro. Calças, camisas, fogões e automóveis. Lugares para morar. Lugares de onde sair.
De repente, Paris não parece tão interessante. De repente, nossa kitchinet de aluguel pendurado parece o melhor lugar do mundo. Fight!
Mas e os amigos? Onde andam? E a vida como ela é?
O que fazer? As coisas ficam ruim num certo ponto da vida. Existe sempre uma ilusão prenha e plena de sucesso, mas que, verdadeiramente, não passa de uma ilusão de que tudo será perfeito, e o principal, INDOLOR. Mas tudo dá errado, ante a perspectiva de pleno sucesso, ao qual, bem ou mal, somos iniciados. Então um dia nos damos conta: deu errado. E pior, nem sabemos o que deu errado.
Ok. O jeito é relaxar. Algumas pessoas não mudam. Outras, simplesmente mudam demais. Não há meio termo. Ninguém brinca com a velhice, ninguém fica no meio da rua. Então você fica sabendo que um amigo seu morreu de cirrose. De um que virou traficante ou policial e consegue vencer o aluguel e até casou. E de outro, que anda fazendo grana em Londres, e além da falta de preconceito, tem o prestígio e o respeito da gente europeia.
Porque tudo é tão diferente? Ah, eu não sei!
Noites e noites, conhaque atrás do outro e essa resposta, não me vem.
Sei que tudo anda difícil. Anda dificilmente. E sei que nós não damos uma boa gargalhada há meses. Vamos confessar. Andamos na bad. Crise? Ah, sem ressentimentos!
Nossos heróis não existem. Que faremos?
Eis minha resposta:
Vamos lutar pelo mundo em que acreditamos, só nosso.
E é claro: dentro dos nossos limites.
E jamais esqueçamos: rezar pelos velhos. E colocar a velhice e principalmente a maturidade, dentro dos nossos limites. Amém.