Dona Dalva Maria de Albuquerque Lima e Souza, minha bisavó, conhecida na intimidade como dona Dadá, ia fazer 102 anos. Por ser uma coisa inédita na família, os filhos resolveram fazer uma grande festa. Convidaram toda a família, que estava espalhada pelos vários estados do nosso país.
Ela tinha Alzheimer, mas vivia numa boa. Nos seus delírios ela mandava as noras arrumarem a casa, botarem flores e fazerem uma comida gostosa porque o Papa viria almoçar com ela. No dia seguinte era a Xuxa, depois o Tony Ramos e, assim, ela almoçava, cada dia, com uma personalidade.
Todos os parentes aceitaram o convite e rumaram para a cidade do interior, onde ela morava com filhos e noras, que algumas vezes chamava de filhas, outras de mãe.
Rumamos, minha irmã e eu, para a festa. Fomos avisadas de que meu tio Jeremias ia nos apanhar na estação.
Como é que nós vamos saber quem é ele, se já não nos vemos há mil anos? Perguntei à minha irmã.
- Não tem o menor problema, ele é um velhinho que usa sempre uma boina.
Chegamos à estação de trem e nos deparamos com uns 30 velhinhos de boina. Deve ser a marca registrada dos idosos desse lugar, cuja maior distração é ir à estação esperar qualquer um que chegue.
- E agora? Como vamos saber quem é o tio Jeremias.
- É fácil, deixa comigo, disse minha irmã, pessoa muita prática.
Ela ia se aproximando de cada um e, bem baixinho, dizia: tio Jeremias...tio Jeremias...tio Jeremias.
Uns a olhavam espantados, outros curiosos. Houve um, assanhadinho, que lhe disse: meu nome é Jeremias, mas não tenho sobrinhas tão gostosas assim e já ia passando a mão na bunda dela, que se esquivou.
Do outro lado da estação estava um velhinho de boina, com o olhar curioso, esticando o pescoço para todos os lados.
É ele, disse minha irmã. E era.
Ele nos levou até o táxi que nos esperava e fomos rumo ao casarão. Lá chegando fomos recebidos por nossa bisa que foi logo dizendo pro filho: você continua safado, trazendo tudo quanto é mulher bonita que encontra por aí, aqui pra minha casa, né? Mas entra, aqui sempre cabe mais algumas, a casa é grande e hoje vai ter uma festa. Não sei o que eles vão comemorar, mas me convidaram.
Ela tinha Alzheimer, mas vivia numa boa. Nos seus delírios ela mandava as noras arrumarem a casa, botarem flores e fazerem uma comida gostosa porque o Papa viria almoçar com ela. No dia seguinte era a Xuxa, depois o Tony Ramos e, assim, ela almoçava, cada dia, com uma personalidade.
Todos os parentes aceitaram o convite e rumaram para a cidade do interior, onde ela morava com filhos e noras, que algumas vezes chamava de filhas, outras de mãe.
Rumamos, minha irmã e eu, para a festa. Fomos avisadas de que meu tio Jeremias ia nos apanhar na estação.
Como é que nós vamos saber quem é ele, se já não nos vemos há mil anos? Perguntei à minha irmã.
- Não tem o menor problema, ele é um velhinho que usa sempre uma boina.
Chegamos à estação de trem e nos deparamos com uns 30 velhinhos de boina. Deve ser a marca registrada dos idosos desse lugar, cuja maior distração é ir à estação esperar qualquer um que chegue.
- E agora? Como vamos saber quem é o tio Jeremias.
- É fácil, deixa comigo, disse minha irmã, pessoa muita prática.
Ela ia se aproximando de cada um e, bem baixinho, dizia: tio Jeremias...tio Jeremias...tio Jeremias.
Uns a olhavam espantados, outros curiosos. Houve um, assanhadinho, que lhe disse: meu nome é Jeremias, mas não tenho sobrinhas tão gostosas assim e já ia passando a mão na bunda dela, que se esquivou.
Do outro lado da estação estava um velhinho de boina, com o olhar curioso, esticando o pescoço para todos os lados.
É ele, disse minha irmã. E era.
Ele nos levou até o táxi que nos esperava e fomos rumo ao casarão. Lá chegando fomos recebidos por nossa bisa que foi logo dizendo pro filho: você continua safado, trazendo tudo quanto é mulher bonita que encontra por aí, aqui pra minha casa, né? Mas entra, aqui sempre cabe mais algumas, a casa é grande e hoje vai ter uma festa. Não sei o que eles vão comemorar, mas me convidaram.