E se não existisse morte?

Estou realizando meus exames de saúde anuais e hoje eu fui ao Urologista. A consulta estava marcada para depois das 15 horas, mas eu cheguei ao consultório às 14. A recepção estava lotada. Mais de 20 pessoas já aguardavam a chegada do Dr. Marcelo. Depois de me apresentar à recepção e assinar as guias da consulta, fui procurar um lugar para sentar e alguma revista para ler. Já sabia que a tarde seria longa. Sem encontrar nada interessante para ler, uma vez que as revistas Veja datavam de, no mínimo, 6 meses de sua edição, entrei na internet, naveguei por alguns minutos pelas redes sociais e parei por alguns minutos. Olhei em volta e tomei uma surpresa. Por algum instante, pensei que estivesse no consultório de algum médico geriatra, pois a idade média daquela gente não era abaixo dos 70 anos. Eu me perguntava baixinho. Por que tanto idoso consultando um médico urologista? E as respostas também vinham aos milhões em minha mente. A longevidade está cada vez maior, os avanços da medicina melhoram, a cada dia, a qualidade de vida dos idosos e por aí vai. Mas até quando o ser humano pode e deve postergar a sua morte? Há 2000 anos a expectativa de vida de um homem era de 40 anos. Há 300 anos, era de 50 anos. Hoje passa de 75. E se não existisse morte? Afinal de contas, a palavra “morte” é muito forte. Algumas religiões tratam de maneira diferente. O Espiritismo, por exemplo, chama de passagem. Se a nossa sociedade tivesse em seus costumes os preceitos abaixo:

a) A morte seria um prêmio dos deuses, um chamado divino e deveria ser comemorado como o nascimento de um membro da família;

b) Os filhos só poderiam morar com os seus pais até a fase da puberdade. A partir dessa idade, teriam que batalhar para conquistar seu espaço;

c) Os casais teriam uma idade limite para conceber filhos (homens 40 e mulher 35);

d) Aos 60 anos as pessoas deixariam suas famílias, e partiriam para uma casa de espera. A essas pessoas, não seriam administrados nenhum tratamento para seus males. Receberiam somente analgésicos para aliviar as dores. Afinal de contas, as doenças seriam as responsáveis por proporcionar o cumprimento do grande chamado.

Com isso, institucionalizar-se-ia prazo de validade para a vida. Tudo parece absurdo. Eu também acho. Mas, se alguns povos viessem cultivando essas crenças desde os antepassados, bem que poderíamos estar vendo essas práticas nos dias atuais. Mas, deixem prá lá. Está se aproximando o meu atendimento e espero estar gozando bastante saúde para chegar aos 110 anos sadio, principalmente da mente.

Jhoracio
Enviado por Jhoracio em 27/01/2016
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