Retalhos de um treinamento

É tudo tem um começo, meio e fim. E isso é a vida. Ontem encontrei vocês, olhares curiosos misturados com estranhamento, tudo era tão novo, eu era novo, novo de novo, e vocês crianças, aprendendo os primeiros passos para prestar serviços às vidas que terão contato todos os dias. Não sei o que passava na cabeça destas crianças, mas na minha tinha tanta coisa, era tudo confuso, um ano novo iniciando e de cara uma turma nova, que bom que foram vocês. Aprendi mais do que ensinei, quando pensei que as aulas eram minhas, descobri colega de profissão, de arte, de planos, de coragem, tem gente que veio de outra cidade, veio do sertão, teve gente que já morou coladinho a mim, no coração da Bahia, e eu nem sabia. Tem deles que já gerenciaram moda, lojas de grifes e hoje é mãe, tem quem sempre foi mãe, mesmo que parece uma menina, não só na estatura, mas no coração. Encontrei psicopatas do aprender, nem olhava na minha cara, mas ouvia tudo distraidamente ou seria melhor, distraía a mente? Tem um deles que poetisa a vida, escreve crônicas, mas não larga a poetização, há deles que de tão calado, pouco se sabe, mas seus olhos demonstravam tanta ansiedade, ansiedade de aprender. Tem uma que gosta da pratica, mesmo seria, seria sereia no aprendizado, seus olhos nem piscavam. Há um “meme” na sala, e quando você pena que acabou Jessica se reinventa, é delicada ao pensar. Há um maduro calado no canto, introspectivo, parece que nasceu para executar e executou muito bem, ganhou aplausos. Tem um que entre a passarela e o IBC, tudo é uma questão de ser, sempre bem estiloso e dedicado, seus olhos, quando não demonstram preguiça, demonstram vontade, desejo, anseios. Há professora aqui, de olhos verdes e black, acredito que cada fio é caminho de futuro brilhante. Há quem é e sempre foi amante de uma bela vida, não tem tempo ruim, não atrasou e mesmo que entre faxinas e faxinas, na aula foi uma limpeza de sentimentos bons, ela passa energia e alegra os segundos, ufa.. Cansei de tanta foto, era uma por dia ou por fantasia que naquela mente habitava. Uma é bem calada, pequenina no tamanho, mas será grande em vidas, haverá espaço para tanta coisa, até em seu nome, que pitoresco para o português, poderia rimar com pizza. Eu adoro pizza. Há personalidade, carisma e dedicação, teve dificuldades, perdeu aulas, mas não desistiu, estudou, rasurava as provas, mas no final, teve bom coração, em sua veia escorre a liderança, mas tem tantos sentimentos bons que precisa organizá-los, lapidá-los. Temos uma na arte do fogão, questionadora de saber, conzinha como ninguém, mas seu maior talento é a fome, fome de querer participar, fazer, conhecer, terá seu lugar ao sol, sem dúvidas, pois afinal, alem das qualidades, no meio de seu rosto, destaca-se um enorme sorriso de dentes alvos. É felicidade. Para tirar um dez, esta ganhou de mim um chocolate, mas sabia que nem haveria necessidade, é talentosa por natureza. Eu sei que vocês passaram por provações, mas sei que aqui, apreenderam e praticaram o verdadeiro sentido do meu treinamento. Humanidade. Trabalhar é bom, é necessário, mas não posso criar caráter, e vocês me deram tantas provas do caráter de vocês. Humanidade, humanidade leve isso por onde forem, ajudem o irmão, hoje ela não conseguiu pagar um transporte, para muitos, 6,30 não faria falta, mas para outros é o básico necessário para se concluir um plano de ação, um projeto de vida, ajudar é vida. Obrigado pela solidariedade, acredito que essa é a única palavra para agradecer a união de vocês. Para aqueles que não perderam concluir o treinamento, deixarei meu mudo de portas abertas, não sei se amanhã vou reencontrá-los, mas sei que jamais esquecerei, aqui ficou a lembrança das horas que troquei em papos de atendimento com eles. Não sei se esqueci de descrever sobre alguém, mas não há necessidade, você está explícito neste texto, você participou de minha vida. Turma 2016.01, pode chamar assim, deixo meu carinho, minha semente de conhecimento. Plantem, reguem e colhem bons frutos. Mas não poderia terminar sem dizer, eu sou isso, olhem por meu corpo e chorem. Até logo.

Werley Gil (Gildisson)

22.01.2016