EXPERIÊNCIA
A experiência tem várias vertentes e hoje vou discorrer sobre a experiência Laboral, mais conhecida como "profissional", "meio de vida", "fonte de renda", e por aí vai.
Quando eu era menino, gosto de falar isso, faz tempo pra caramba e parece que foi agorinha mesmo, na universidade, cheio de gás, fazendo o que todo mundo fazia, aqueles que queriam carreira nas áreas administrativas e ou financeiras de uma empresa, cursar Administração de Empresas. Tínhamos um professor que ministrava estatísta, ele era o dono da cadeira de estatística da USP, grande mestre, aprendemos muito com ele, não só sobre a matéria "estatistica" mas sobre o mundo corporativo, filosofia, psicologia e outras matérias menos exaustivas.
Uma das frases que ele nos disse e repetiu diversas vezes era a de que o trabalho era uma espécie de escravidão. Nós éramos todos CDF'S e a maioria não concordava, todos tínhamos no coração um resquício de escravidão, aquilo estava no nosso DNA, talvez uma marca do nosso atual estado evolucionário. Éramos escravos sem perceber, aquele escravo tipo tempos modernos de Charlie Chaplin e descritos com metodo por Taylor e Fayol, fazíamos o nosso trabalho e fazíamos serão para deixar o patrão ou o gerente feliz, um serão (escravidão) travestido de competência, a empresa precisava, a empresa era ineficiente, os sistemas estavam engatinhando, tudo era manual. A contabilidade era transferida para livros fiscais com gelatina, prensas e outras invencionices.
Todos catavam milho nas velhas remington, aí vieram as IBM'S de esfera e os primeiros computadores pessoais APPLE'S. Eu estava me tornando um escravo informatizado, era um escravo de dedos ageis na datilografia e operador escravo padrão para operar micros que estavam substituindo outras tecnologia obsoletas, como picaretas, marretas, martelos, talhadeiras. Falar em capacidade de armazenamento era interessante, em 1980, falar em 5 mb era para encher a boca, nossa, era uma quantidade enorme de dados.
Bom, onde queria chegar. Passei por tudo a partir de 1980, do carrinho de rolimã até os carros esportivos de 1000 cavalos atuais e talvez maiores, muita experiência escrabalhando em diversas áreas, principalmente fazendo carreira em trabalhos administrativos até quebrar as correntes e fugir definitivamente do setor, pedi alforria das rotinas e mergulhei de cabeça no setor comercial, deixei de ser despesa para ser resultado. Transferi-me para outros senhores de escravos.
Descobri pela experiência que não importa o que você faça para ganhar a vida, você é um dente da engrenagem e sempre será usado e movimentado por um motor maior.
Nas minhas experiência com vendas, fiz um curso ultimo tipo de corretor de seguros e trabalhei por um tempo nesse setor. Bom, poderia escrever um livro sobre o que vivenciei nesse tipo de escravidão. Hoje mesmo, tenho uma corretora de seguros na qual sou o reponsável técnico com um por cento do capital, fiz isso por amor e amizade, não ganho absolutamente nada com isso. Meu patrão majoritário com 99% do capital, pediu para eu fazer um seguro de viagem para um amigo comum.
Todo escravo é tonto, pensei: moleza , pedi os dados via email, olha só que beleza, cinco minutinhos e estava na minha mão, entrei na NET, veja só que beleza, fui no site da seguradora e abri o programa, fiz o calculo, salvei e comecei a preencher os dados para a contratação, deu um probleminha de sistema, pequenininho, e tive que ligar para a sucursal, olha só que beleza, trinta minutos de musiquinha suave e histórinhas de como eles são eficientes, atendeu-me uma pessoa educada que passou para outra pessoa educada e pra outra, era feriado em São Paulo, pediu para ligar em outro telefone, e toma musiquinha suave e mais umas atendentes educadas, e advinha, duas horas para não conseguir fazer o que precisava e não ganhar absolutamente nada.
Talvez eu pudesse escrever um livro sobre experiências escravocratas laborais e também sobre outras experiências como cliente de um mundo moderno, dado a resolver problemas com secretárias eletrônicas, atendentes educadas que valem pela experiência de conhecer pessoas tão escravas como nós.