INFANTILISMO DIANTE DA CIÊNCIA E DA FÉ.

A transcendência, ou as crenças na vida espiritual em seus espaços, e a ciência, nunca estarão próximas por razões que se inserem na evidência logista.

As certezas em lógica simples, na qual a evidência traz essas certezas e só nestas são formalizadas as afirmações, não têm princípios elásticos onde pretende a imaginação fincar estruturas indemonstráveis. Esse desiderato prejudica a fé em seus contornos.

Assim, a ciência avança somente em campos factíveis sem aceitar subjetividades inexplicáveis que o subjetivo acarreta, sem nunca demonstrar e muito menos auxiliar avanços científicos.

Não se levanta uma casa iniciada pelo telhado, seria absurdo, o mesmo que ligar ciência e transcendência, pois ciência dispensa fundamentos e avanços que não sejam calcados fora do imaginário. Isto, contudo, não inibe a caminhada dos valores interiores onde desponta um Deus iniciado no mesmo Primeiro Movimento incessantemente procurado. A procura tem lastro tanto no evolucionismo, pela evidência em ciência lógica, quanto pelo criacionismo nessa busca febril que se faz pela fé e desemboca, também, em infantilismo, quando afirma incongruências.

Nem os mais altos cérebros puderam aproximar essas presenças sentidas de forma diferente. Essa posição da ciência de admitir e respeitar a inexistência de excludentes é verdadeira desde muito. Outra coisa, porém, é afirmar com autoridade inexistente essa proximidade, o que raia pela infantilização extremada.

Respeitar é reverenciar e assentir por vias diversas a possibilidade da transcendência e sua intimidade por outro viés; da fé. Crer na energia circundante que nos move, e à boa vontade, bem como na caridade, não é andar de braços dados com a ciência nem achar que só pela fé ela pode progredir. Absurdo sustentado em nonadas.

Nem se contesta o inexistente nem se aceita a formalização não formalizada desse mesmo inexistente, são conceitos que nunca serão vencidos.

A ciência sempre caminhará distante desses conceitos contrafeitos, sem o que desmorona-se tudo que foi construído como a certeza da gravitação e a fragmentação da matéria em mínimas partículas ou a luz branca. Não foi conquista do imaginário ou da crença em outros espaços além do corpo, nem foi razão de progresso investigativo, ao contrário, matou muita gente na inquisição. O famoso Santo Ofício, que de santo nada tinha.

O mundo continua infestado de néscios em afirmar tolices. E contaminando a informação que desmerece e desinforma a legitimidade da fé e sua força construtora do melhor. Ciência é caminhar, fé é estrada com fins extraordinários.

Francis Collins afirma “que é plenamente possível acreditar na teoria de Darwin e manter a fé religiosa." Devido a essa opinião, é alvo de muitas críticas de seus colegas. Mas esse renomado cientista, que hoje é Diretor do Instituto Nacional de Saúde Americana, no governo de Obama, resolveu contar sua experiência no livro THE LANGUAGE OF GOD (A linguagem de Deus), onde narra como deixou de ser ateu aos 27 anos para aderir ao cristianismo, e as dificuldades que enfrentou no meio acadêmico.

"Houve um período em minha vida em que era conveniente não acreditar em Deus. Eu era jovem, e a física, a química e a matemática pareciam ter todas as respostas para os mistérios da vida. Reduzir tudo a equações era uma forma de exercer total controle sobre meu mundo. Percebi que a ciência não substitui a religião quando ingressei na faculdade de medicina. Vi pessoas sofrendo de males terríveis. Uma delas, depois de me contar sobre sua fé e como conseguia forças para lutar contra a doença, perguntou-me em que eu acreditava. Disse a ela que não acreditava em nada. Pareceu-me uma resposta vaga, uma frase feita de um cientista ingênuo que se achava capaz de tirar conclusões sobre um assunto tão profundo e negar a evidência de que existe algo maior do que equações. Eu tinha 27 anos. Não passava de um rapaz insolente. Estava negando a possibilidade de haver algo capaz de explicar questões para as quais nunca encontramos respostas, mas que movem o mundo e fazem as pessoas superar desafios.

Hoje falo de questões filosóficas que transcendem a ciência, que fazem parte da existência humana. Os cientistas que se dizem ateus têm uma visão empobrecida sobre perguntas que todos nós, seres humanos, nos fazemos todos os dias. “O que acontece depois da morte?” ou “Qual é o motivo de eu estar aqui?”. Não é certo negar aos seres humanos o direito de acreditar que a vida não é um simples episódio da natureza, explicado cientificamente e sem um sentido maior. Esse lado filosófico da fé, na minha opinião, é uma das facetas mais importantes da religião.

É uma ofensa àqueles que têm fé e respeitam a ciência. Em vez de blasfemarem, esses cientistas deveriam trabalhar para elucidar os mistérios que ainda existem. É o que nos cabe. A religião é um veículo da fé – essa, sim, imprescindível para a humanidade.”; disse em entrevista.

Santo Agostinho,já no ano 400, alertou para o perigo de se achar que a interpretação que cada um de nós dá à Bíblia é a única correta, mas a advertência foi logo esquecida. Agostinho já dizia que não há como saber exatamente o que significam os seis dias da criação.É o imaginário romanceado pela literatura humana, diverso da presença histórica de Jesus de Nazaré e de sua Lei Moral.

Em meu livro “A Inteligência de Cristo”, destaco o mapeador da vida, Collins, que trouxe notável progresso para esse insondável segredo, a vida, através do ácido ribonucleico, o (RNA) que é formado a partir de um molde de DNA, por um processo denominado de transcrição gênica, sic:

“Por esse motivo, Francis Collins, notável cientista, em sua obra recente de incrível densidade e aceitação, “A Linguagem de Deus”, adverte: “Se Deus existe, deve se encontrar fora do mundo natural e, portanto, os instrumentos científicos não são as ferramentas certas para aprender sobre Ele”. E adita: “eu estava começando a entender por olhar dentro do meu coração, (que) a prova da existência de Deus teria de vir de outras direções, e a decisão definitiva deveria se basear na fé, não em provas.”

Fica clara essa distinção que só o infantilismo de pensar pode incorporar.

Deus, essa entidade abstrata de muitos caminhos, não tem a precisão que os tolos querem de se definir por traços ou instrumentos conhecidos, muito menos de fazer avançar a ciência. Fosse assim perderia o lacre de sua singularidade e absoluta exclusividade, até mesmo como pessoa que foi Jesus de Nazaré, o Cristo,o Ungido, e por isso Rei.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 25/01/2016
Reeditado em 14/10/2017
Código do texto: T5522411
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