O AMOR DE MORA TIS MORTIS
Ela de fato me ama.
Não falo do amor de uma mulher.
Também não falo de alguém de carne e osso.
De quem é que estou falando?
Daquela que a noite vem e me chama.
Ela chega sempre de madrugada.
Costuma vestir-se de uma roupa negra.
Em meus ouvidos sussurra inúmeras palavras.
Diz coisas que nunca ouvi de mulher alguma.
De madrugada ela chega e me abraça.
Uma fragrância no ar se espalha.
Entorpece todos os meus sentidos.
O perfume que sinto se espalhando
é o do mesmo cheiro da planta dama da noite.
Depois que o perfume penetra minha alma
Sinto a presença de "Mora Tis Mortis" mais perto.
Ouço sua voz dizer-me suavemente:
_ Eu te amo meu querido escritor!
_ Lá no mundo onde só vejo mortos
o levarei para que fique sempre ao meu lado...
_ Tu serás o único entre todos os mortos
que com a minha mão não matarei.
_ Necessito desfazer o feito macabro
de sempre tirar a vida de alguém...
Percebi no olhar de "Mora Tis Mortis" uma solidão existente.
Ouvi sua voz dizer a mim novamente:
_ Quero também ser uma pessoa que ama e também é amada.
_ O mundo inteiro teme o tempo todo minha presença.
Havia profunda tristeza naquela voz.
_ Cansei de soprar o halito da morte por todo lugar onde passo...
_ Não pedi para nascer e ser assim...
_ Nem pedi para tirar a vida daquele primeiro casal...
_ Outro ser vil é que trouxe no mundo a morte...
_ Cansei de ser dele a consorte.
_ Meu querido escritor amado!
"Mora Tis Mortis" exclamou palavras que nunca ouvi.
Ela contemplava-me com seu olhar espelhado.
Nele novamente eu me via refletido.
_ Meu fim um dia irá chegar...
_ Com outro nunca pretendi estar...
_ Mas antes que meu fim aconteça
e outra noite venha para ao teu lado eu estar,
ouça meu querido e amado escritor o que tenho a dizer:
_ Eu te amo meu escritor querido e ao teu lado
desejo para sempre viver...
Tais palavras de "Mora Tis Mortis" ecoam agora em minha mente.
( J C L I S )
ESCREVI ONTEM AS 16:25 HORAS E TERMINEI AS 17:10 HORAS.