Ira santa

Às vezes quando pego a Bic e começo a escrevinhar as minhas maltraçadas, principalmente as arengas com viés político, é como se estivesse, pasmem, dominado por uma "ira santa". Que pretensão! Quando me dou conta disso começo a rir, mas com cuidado porque se rir demais a asma bate. Quando não me enxergo, não faço a costumeira autocrítica, meu neto que digita as maltraçadas, comoça a mangar de mim dizendo que eu estou querendo mudar o mundo com uma caneta esferográfica. Faço de contas que estou ofendido mas dou razão a ele, é meu Sancho Pança, embora seja magro.

Na verdade, o que rabiscamos, tanto eu que me considero de esquerda (que esquerda, meu Deus?), quanto quem é de centro, de direita, de banda...., o que rabiscamos é apenas um mero desabafo, uma massagem no nosso ego, um desafogo de consciência.

Já quando escrevo sobre o passado ou o cotidiano,narrando causos, não há "ira santa", apenas divertimentoe o prazerde escrever mesmop sabendo de minhas limitações, nesses escritos não tiro onda de palmatória do mundo.

No entanto, talvez nesses acessos pretensiosos, acometidos dessa ira santa, estejamos de certa forma expressando nossa indinação, idéias, opiniões e revalando nossa preocupação com o nossopaís e com o mundo. Mesmo que o escrito não tenha repercussão nenhuma, exercitamos nossa cidadania e revelamos o nosso caráter,seja qual forem as nossas idéias e ideologia ou religião, crença, utopia e o escambau.

Ah, essa ira santa faz parte do show de nossas vidas. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 21/01/2016
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