E os tempos se vão
O Professor Luizito dizia que, "depois dos cinquenta, o tempo passa mais rápido". É essa a fase da vida em que mais somos solicitados pela experiência e pelo saber. Já os saudosistas reclamam que "os tempos não são os mesmos"; os jovens não estão nem aí, eles não fazem comparações com os tempos, tudo acontece sem notáveis modificações, até pensam que os tempos nunca se vão... Reclamações ocorrem daqueles que já se esforçam para não esquecer os "velhos tempos"; protestam o comportamento das pessoas, as mudanças, o desaparecimento das coisas. Dias atrás, ri, ao escutar queixa do desaparecimento do vendedor de peixe num balaio ou pendurado num pau apoiado nos ombros, à porta das casas, que, dispensando a sineta, gritava: "Olha o peixe!" E as mães pediam: "Menino, vá ver se é o amolador de tesoura ou o homem do peixe!" Perguntei-lhe: O peixe não seria mais sadio como hoje? Preferiu a isso o peixe fresco, deitado na folha de bananeira, esperado à porta de casa, ao gosto do freguês. Era um mercadinho ambulante...
O grande mercado, como uma ágora, concentrava parte da cidade; lá, nos seus bares, trocavam -se conversas, discussões sobre política , futebol, vida alheia, religião ou qualquer assunto. Os saudosistas se queixam do desaparecimento dessas coisas de antigamente. Resmungam que, hoje, tudo não passa de uma insípida desordem; uma pasmaceira de coisas fúteis.
Na minha cidade, ou melhor na minha idade, ouve-se exagerado inconformismo contra a inexorável marcha do tempo. Mas, nas ruas, onde se descortinariam silhuetas do passado, há casas que, abandonadas e desmoronadas pelos donos, sepultam-se debaixo dos seus tijolos, com praças e bares morridos, à vista dos mercados que se ultimam nos tempos que nos restam. E assim também se vai a memória...
O Professor Luizito dizia que, "depois dos cinquenta, o tempo passa mais rápido". É essa a fase da vida em que mais somos solicitados pela experiência e pelo saber. Já os saudosistas reclamam que "os tempos não são os mesmos"; os jovens não estão nem aí, eles não fazem comparações com os tempos, tudo acontece sem notáveis modificações, até pensam que os tempos nunca se vão... Reclamações ocorrem daqueles que já se esforçam para não esquecer os "velhos tempos"; protestam o comportamento das pessoas, as mudanças, o desaparecimento das coisas. Dias atrás, ri, ao escutar queixa do desaparecimento do vendedor de peixe num balaio ou pendurado num pau apoiado nos ombros, à porta das casas, que, dispensando a sineta, gritava: "Olha o peixe!" E as mães pediam: "Menino, vá ver se é o amolador de tesoura ou o homem do peixe!" Perguntei-lhe: O peixe não seria mais sadio como hoje? Preferiu a isso o peixe fresco, deitado na folha de bananeira, esperado à porta de casa, ao gosto do freguês. Era um mercadinho ambulante...
O grande mercado, como uma ágora, concentrava parte da cidade; lá, nos seus bares, trocavam -se conversas, discussões sobre política , futebol, vida alheia, religião ou qualquer assunto. Os saudosistas se queixam do desaparecimento dessas coisas de antigamente. Resmungam que, hoje, tudo não passa de uma insípida desordem; uma pasmaceira de coisas fúteis.
Na minha cidade, ou melhor na minha idade, ouve-se exagerado inconformismo contra a inexorável marcha do tempo. Mas, nas ruas, onde se descortinariam silhuetas do passado, há casas que, abandonadas e desmoronadas pelos donos, sepultam-se debaixo dos seus tijolos, com praças e bares morridos, à vista dos mercados que se ultimam nos tempos que nos restam. E assim também se vai a memória...