ALMA PENADA

Há muitos anos, em Aimorés MG, minha cidade natal, havia um rapaz que entregava pães a domicílio. Havia, também, um senhor que bebia muito e estava sempre tonto.

Num dia chuvoso, Toim estava trabalhando no alto do morro, na Barra Preta. Para se abrigar da chuva, o jovem parou com sua bicicleta com uma enorme cesta de pães, no portão do cemitério.

Enquanto isso, em cima de um mausoléu, Dioclésio se curava de uma ressaca.

-Ai, que chuva chata! Vou-me esconder no portão!

O ébrio desceu do jazigo, correu e pediu um pão ao rapaz.

-Cruz em credo!!!

O padeiro, apavorado, pensando se tratar de uma alma penada, saiu desenfreadamente e rolou morro a baixo com bicicleta e tudo.

Anna Célia Dias Curtinhas