AMIGO

Amigo

23/12/15

Conhecidos, chegados, companheiros, parceiros, amigos, parentes, amantes, companheiras, amigas, esposas, ficantes.

Quão distantes estão as relações humanas. Antigamente traição era coisa mantida a sete chaves, segredo de virgem ao dar o primeiro beijo. Hoje é papo de mesa de boteco onde, o ex ou a ex diz que terminara, pois o parceiro está ficando com a fulana, ou o que é pior com o fulano, e vice versa.

Antes existia a amizade de fé. Os que tiveram a oportunidade de nascer antes da década de sessenta, no século ou no milênio passado sabem do que falo. Tínhamos amigos para podermos contar com quem transamos e então descobrir que ela já não era virgem como nos afirmara ao perguntar e se eu ficar grávida? Hoje a moçada nem transa mais e quando transa é algo como chupar bala comprada no boteco da esquina, e com papel.

Hoje se briga por tudo. Antigamente se brigava por nada. Até a briga era menos consequente.

As relações se foram com o sutiã ou com a ocupação das cozinhas pelos homens. A coisa hoje fica na superfície, fica boiando tal e qual tudo o que vemos na baia da Guanabara. O politicamente correto veio substituir a educação dada em casa. Educação hoje é coisa de manual, de regulamento, de norma, de lei. Até o corretor ortográfico é tendencioso para o politicamente correto ao insistir que eu substitua “transa” por “relações amorosas” .

Não quero discutir causas e efeitos de tanta superficialidade, se ela é devida a internet, ao celular, ao whats up (e aí!) ou Whats App. A comunicação ficou mais fácil, então por que não a usarmos para aprofundar as amizades, fazer novas e marcar encontros.

É preciso manter as amizades que tão duramente conquistamos. Façamos encontros, discutamos, divirjamos, concordemos ou discordemos, mas sejamos verdadeiros, pois o fim de qualquer relação está na mentira.

É chegada a hora da mudança que voltem os sutiãs e que sejam meia taça para que possamos dar asas a imaginação e ansiarmos pelo descobrimento do que não se vê.

Geraldo Cerqueira