Tabus obscenos

Gosto de recordar o passado. Acho que porque sou véio e meio caduco. É natural quem está nesta faixa de idade recordar "os bons tempos".

Coloquei entre aspas porque há controvérsias, ou seja, sob alguns aspectos não eram bons tempos. Digo isso porque havia tabus obscenos e preconceitos execráveis. Nao vou nem falar na rejeição aos filhos dos comunistas, protestantes, negros e pobres em geral. Vou me ater aos filhos a mulher largada pelo marido e principalmente desquitada.

É preciso em primeiro lugar afirmar que nos anos 50, a culpa por qualquer insucesso no casamento, se o marido largava a esposa ou se desquitava, era culpa exclusiva da mulher. A desquitada, pasmem, era tão discriminada pela "sociedade" quanto a prostituta. Juro. . As senhoras da "sociedade", especialmente as muito religiosas, não queriam nenhuma amizade com mulher desquitada, nem cumprimentavam, e rejeitavam até as mulheres que eram largadas pelos maridos. As mais ferinas, as santinhas do pau ôco, afirmavam, "Essa sonsinha nao pode nem receber os santos sacramentos da nossa Igreja". E ainda chegavam a dizer:"Vai ver que se desquitou porque vivia rezando...". Ou, "O marido largou ele piorque rezava demais...". Veneno puro. Eram betas nojentas e sem nenhuma virtude da cariedade.

A própria Igreja discriminava a mulher desquitada. Chegavam ao cumulo de dificultar que os filhos dela estudassem nos colégios católicos. Era amigo e colega de um filho de uma desquitada. Ele começou a se engraçar pela filha de um casal muitio religioso, mas o romabce foi interrompido porque os pais da mocinha disseram que filha deles nçao namorava com filho de desquitada. E priu. O sujeito ficou muito triste, tentei confortá-lo afirmando que eu também era vítima de discriminação por ser filho de comunista, mas ele trisyte e amargo me disse: "A diderença é que eles respeitam seu pai, mas anão respeitam minha mãe, ratam ela como se fosseuma puta". Era verdade. Uma triste verdade. A mulher desquitada era discriminada de uma forma deprimente e vergonhosa.

Hoje é diferente, sei que vivemos em meio a uma sociedade promiscua, mas muito mais democrática do que a de antes. A discriminação social e os tabus obscenos enlameavam a sociedade de antes. Era nesse aspecto um horror. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/01/2016
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