MADRUGADA SEM PALAVRAS

MADRUGADA SEM PALAVRAS - por Olavo Nascimento (20/01/206)

São nas madrugadas longas, sem sono e sem sonhos, que eu me aventuro ao encontro das letras. Enquanto os olhos insistem em ficar abertos mesmo com as pálpebras fechadas, os meus pensamentos vão e voltam na velocidade da luz procurando se lembrar de fatos, de pessoas, de notícias ou de algo que possa fazer nascer mais um conto, outra poesia ou nova composição literária.

Ao manter a minha mente trabalhando na busca de rimas para os meus versos, a insônia torna-se no entanto, a minha companheira inseparável na agonia de me rolar pela cama sem dormir. Escuto na solidão do meu quarto e na calada da noite, o cantar de pássaros ao longe que a minha imaginação traz pra bem perto de mim, a ponto de sentir suas asas coloridas em revoadas ventilando meu rosto suado e descoberto.

Como o meu principal desejo nesses momentos é pegar no sono, não desisto de provocar o merecido repouso ao colocar em prática as histórias da vovó, contando os carneirinhos que vou somando na minha mente. Mas mesmo assim, os lanígeros são logo expulsos daquele filme, quando os problemas atuais e recordações não recentes, embaralham o imaginário pastoreio trazendo mais incômodos e irritações.

A briga da minha consciência entre criar uma composição ou pegar no sono sem qualquer linha escrita faz com que muitas vezes as ideias morram no nascedouro e as inspirações se evaporem pelo ar com versos inacabados, rimas distorcidas e histórias sem sentido. Sem palavras para preencher o vazio no papel, acabo dormindo na esperança de que ao acordar, eu consiga decifrar toda a bagunça que ficou armazenada na minha mente naquela madrugada.

Às vezes não consigo, mas quando a luz acende, fico feliz em ver nascer algo inédito com o encaixe perfeito de pedaços soltos de frases e palavras, na reconstrução de temas que se perderam na memória. Memória esta, que me faz apresentar esta madrugada romanceada e contada em prosa.

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Abraços, saúde e muita paz.

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