Quadros - Série "O diário de alguém"

O silêncio é meramente ilustrativo enquanto contemplo os quadros vivos e dispostos, nas paredes da minha estrutura.

São tantos!

Quadros de amor, saudades, alegrias, lições, solidão e abandono.

Há também os reflexivos, expressivos e depressivos.

O da ansiedade se destaca sempre escapando e vez por outra revelando a fragilidade confusa da moldura.

Esbarro no meu quadro fissurado e desvio rapidamente para não acordar o do terror.

Pelas janelas da alma, admiro o mundo além de mim. Lembro-me de algumas excursões desastradas, perguntas afiadas e quase invasivas e das respostas evasivas.

De impôr ausência para expôr a presença.

A sensação de um vazio absolutamente absurdo.

Paro diante do quadro da esperança. Suas cores estão desbotadas e minguadas. De algum lugar um sussurro me aborda e fico sabendo que é nele que preciso me concentrar. É então que o abraço.