Atendendo pessoas.
Por essas coisas da vida profissional , sempre atendi fornecedores em determinados dias da semana, e quando já mais experiente, fazia a minha agenda mais flexível , distribuindo os visitantes ao longo da semana, isto quando não viajava, é claro.
O que me dava prazer eram os tipos que às vezes apareciam, de tudo que podem imaginar, o ser humano é muito rico e diverso, personalidades das mais distintas; engraçados, gagos, assanhadas, com tremores, bêbado , árabes, gays, velhos gagás, atrapalhados, rapidinhos sem paciência, precipitados, loucos de remate, penteados ridículos, e as histórias são tantas...que às vezes eu as comentava na hora do almoço, e era gargalhada que não acabava mais.
Chegava para os colegas bem baixinho e falava, " Putz ...atendi uma mulher hoje, que só por Deus, muito louca !...", e pronto, na hora do almoço, a minha mesa no refeitório ficava cheia, só para ouvir os "causos". Sou do tipo que conto sem rir, mas apimento bem, dou todo o colorido, imito , faço um suspense ...
Sempre achei muita graça nas figuras diferentes do cotidiano, sempre respeitoso, mas aconteciam coisas tão engraçadas que não podia guardar só pra mim.
Uma vez um japonês que eu costumava atender, fez permanente e ficou com o cabelo bem enroladinho, igual ao Silvio Brito, e eu fiquei segurando o riso o tempo todo, e tentando me concentrar, mas estava difícil, até que comecei a rir sem parar...mas tudo bem, lhe disse o motivo, e como ele me conhecia , começo a rir junto, e nunca mais fez aquele penteado.
Atendi um árabe, que parecia querer me hipnotizar o tempo todo, me olhando com aquele olhar de faquir, querendo entrar no meu cérebro, e parava de falar de repente , e com voz estranha, fiquei bem impressionado, rsrs...
Um senhor de idade veio com bolsa para guardar o xixi, mas estava difícil atendê-lo, sentia pena, mas não via a hora dele ir embora, fica um cheiro de urina.
Tinha que manter a classe e o jogo de cintura, vendedores às vezes tentam de tudo, mas sempre fui muito correto, e não dava abertura, mas também não prejudicava.
Vendedores tomam vodka na hora do almoço, e depois aparecem para trabalhar, e é horrível, porque pensam que esta bebida com drops de menta não deixa cheiro, o que não é verdade, fica uma "vodka mentolada", e claro que dá para perceber. Nunca bebi trabalhando, o profissionalismo é base de tudo, nessas horas eu não sou meu, sou da firma.
Sou muito calmo , aparento, falo com calma e claro, não passo insegurança nem afobação, por isso não gosto de quem quer resolver tudo em cinco minutos, esses não são bons vendedores, marco meu território de imediato, eu tenho que sentir as rédeas , mesmo que não demonstre. Estudo muito antes de atender uma pessoa.