Acomodado na poltrona de um teatro na Gávea, aguardando o início da peça, foi impossível não ouvir a conversa entre duas mulheres atrás de mim. Entendi que uma delas atuava como palestrante de um tema que considerei, no mínimo, insólito: “como vencer através da beleza”.
 
A certa altura da conversa, a palestrante diz que o mais difícil estava em fazer os ouvintes entenderem que usar a beleza não é se comportar como um objeto estético. Aquilo me intrigou, pois não alcancei o significado do pensamento.
 
Ao final da peça, me virei rápido para ver a aparência das duas moças. Uma negra e uma loira absolutamente magníficas, daquelas beldades que interferem em nosso sono e se transformam em sonhos inalcançáveis. Realmente, não compreendi o que uma delas quis dizer com “não se comportar como objeto estético”, mas foi cruel inevitável vê-las como objetos do desejo.
Alexandre Coslei
Enviado por Alexandre Coslei em 19/01/2016
Reeditado em 05/04/2016
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