Bem na foto

Aponte e dispare! É assim que todos são fotógrafos, em todo lugar, a qualquer hora. Os telefones celulares, com aparente simplicidade, trazem recursos suficientes para produzir fotos de qualidade, sem a necessidade de termos de nos matricular em cursos especiais ou passar dias mergulhados na leitura de complicados manuais de funcionamento de complicadas máquinas.

Apesar das digitais terem se transformado em objeto de consumo popular, ainda existem pessoas, entre as quais me incluo, que continuam

preferindo o prazer de folhear antigos álbuns de recordação. No entanto, uma má operação queimava uma série de imagens registradas em um filme que era cuidadosamente colocado na "Canon" ou na "Kodac". Era a maior decepção .Ainda havia o risco de fotos com imagens empilhadas e, pior, às vezes, com o tempo, muitas desbotavam.

Hoje, é preciso ter certeza da própria existência, a todo momento. Para isso, fazemos malabarismos. Quando gravamos um momento feliz, a felicidade se transforma em um processo que ninguém pode estragar. Já não vemos, gravamos para enxergar no futuro. Sem imagens, não há realidade. Este é o tempo da re-visão da possibilidade de voltar a olhar.

Rendo-me à contemporaneidade, ao tempo presente, à vida presente, ao considerar a vantagem de avistar se a foto instantânea ficou como desejamos, no mesmo instante em que foi tirada. Se não ficou, basta deletar e clicar de novo. O importante é ficar bem na foto. Guardada no computador, ela fica à espera de quem quer vê-la ou fica escondida para sempre.

Lindita
Enviado por Lindita em 18/01/2016
Reeditado em 18/01/2016
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