Anseios
Já não sabia mais se a vida era cruel consigo ou se, de fato, o mundo era uma máquina de causar dores e moer pessoas.
Havia se formado um buraco negro em seu peito que à tudo e todos engolia e, bem sabia ela, jamais poderia ser preenchido.
Ansiava, pois, por dias mais leves e amenos, onde o riso viesse sereno, sem ser acompanhado por uma enxurrada de memórias. Dias onde pudesse deitar a cabeça do travesseiro e simplesmente adormecer, ao invés de inundá-lo.
Desejava o perdão por ousar brincar de sonho e ilusão. Queria apenas que as feridas fossem fechadas e o buraco tapado. Não suportava mais sentir sua alma arder em carne viva. Ansiava as cicatrizes.