Bola
Hoje me dei conta de que as pessoas não me "dão bola". Mas em seguida me lembrei que eu também não "dou bola" pra ninguém.
Na verdade não tenho bola. Se tivesse já teria me livrado dela, porque não gosto de bola. Nem de esporte nenhum.
Meu local favorito seria um jardim secreto, repleto de rosas de todas as cores, margaridas, e alfazemas, borboletas e pássaros, bancos confortáveis, um bom livro antigo, com muitas páginas, histórias cheias de detalhes e folhas amareladas.
Meu aniversário se aproxima, e talvez por isso, essa noite sonhei que dava uma festa. E seria uma festa maravilhosa, a qual organizei pensando que as pessoas não viriam e queria que elas se arrependessem por não terem vindo.
Então fiz docinhos embrulhados em papel brilhante como o diamante. Pequeninos bombons redondos perfumados e deliciosos. Vinham em rede de prata, carregados na boca por cavalos brancos alados. Suas asas transparentes, enfileirados, a espera dos convidados.
As pessoas ficariam sentadas num grande salão, como se fossem plateia de uma peça de teatro. Os cavalos entrariam pelos corredores e elegantemente deixariam cair a bolsa com os docinhos, que fariam um tilintar de pedras preciosas e envoltos em uma névoa brilhante como pó de ouro.