Cobranças De Uma Sociedade

Eliza lembra-se bem, desde criança já haviam cobranças e correções. Frases como; não ria tão alto menina, não brinque com meninos, não corra assim pode se machucar, o que vai ser quando crescer?; Eram ouvidas frequentemente. Essas tais frases estenderam-se até a adolescência, aos 17 anos quando terminava o ensino médio surgiram outras perguntas. Você não vai arrumar um emprego? E ela começou a trabalhar. Cadê o namorado? Ela arrumou um, mesmo não querendo. Quando vai fazer faculdade? Ela começou a cursar Ciências Contábeis, não porque ela gostava, mas porque não tinha outra ideia do que fazer. E o casamento quando é? Ela se casou, mesmo achando que não era a hora certa. Quando irá se formar? Ela terminou a faculdade. E filho você não vai ter? Ela engravidou, mesmo não querendo ter filhos. Vai ficar só com um? Não planeja ter mais filhos não? Ela engravidou de novo. Não vai trabalhar na área que se formou? Ela fez entrevistas e começou a trabalhar como contadora, contra sua vontade, pois queria curtir ainda o filho pequeno; e depois de alguns anos trabalhando... Você não vai se aposentar? Ela se aposentou, mesmo querendo trabalhar por mais alguns anos.

E agora aos 70 anos Eliza tivera um infarto e no seu velório alguns diziam:

— Pobre dona Eliza quase não aproveitou a vida.

Kessia Rez
Enviado por Kessia Rez em 12/01/2016
Código do texto: T5508593
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