INFLAÇÃO DE DOIS DÍGITOS TAMBÉM VEIO A MINHA CASA
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Acompanhada por fuzis e metralhadoras “amados ou não”, como escreveu Geraldo Vandré, na música “Para não Dizer que não Falei de Flores”, a inflação de dois dígitos bateu a porta de todos os brasileiros consumidores. Antes que a bala perdida disparada pelos que lhe acompanhavam e fosse registrada em alguma delegacia da periferia como “auto de resistência” como tem sido muito comum nas periferias, lhe abri a porta e permiti que entrasse, olhasse tudo vazio na dispensa e, ao sair, fiquei com uma certeza: como ocorria no passado, nada do que sobe no período de entressafra e baixa mais na safra, como ocorria antes. Não dizer por quanto tempo será assim ou se será apenas sonho de verão ou seria um pesadelo de inverno? Talvez sejam os dois ao mesmo tempo porque no verão, os preços sobem e no inverno sobem também. De centavo em centavo, os reajustes de preços são feitos na cara do freguês. A volta da maquineta de remarcação de preços, que fora aposentada e caiu em desuso por vários anos, a encontrei em um supermercado em Manaus, filmei e postei no facebook. É lamentável!
Os desmandos do Governo no processo da condução econômica, admitidos pela presidente Dilma Rousseff, também atingiram outros setores da vida social, matando outros valores cotizados da sociedade plural, individualizada por cores, segregada por opção sexual e dividida como se fossem castas indianas. A sociedade ´brasileira é resultante de vários povos, culturas e etnias. Contudo, está sendo esfacelada e dividida, junto com a destruição de outros valores morais, éticos, políticos e sociais. O descaso econômico, atingiu um processo inflacionário galopante, com a volta do temido “dragão da inflação”, derrotado durante o Plano Verão criado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso e outros pensadores. Uma parte da classe política em esferas mais elevadas, que representam seus próprios interesses mediáticos e não pensam como uma sociedade coletiva, com diferentes pensamentos e tendências ideológicas, como deveria ser. Os grupos, composições e alianças políticas são formadas unicamente objetivando alcançar o poder e nada mais. A sociedade apodreceu no pé e parece que esqueceu que está agonizante e tende a morrer pela falta de hospitais, escolas, médicos, remédios, habitação, segurança e saneamento ou simplesmente por uma bala perdida que sempre encontra alguma vítima em sua trajetória. “Dragão da Inflação”, era como se chamava no passado o processo inflacionário, que chegou ao patamar mais de 900% ao mês.
Apesar de todos os desmandos econômicos, de degradação moral, ética e política, não sou favorável à volta do Regime Militar e nem o defendo como muitos fazem pelas redes sociais. Não sofri nada físico durante o Regime que depôs João Goulart e tomou posse do Brasil em 64. O vivi, aos 18 anos, a partir de 1978, no tolimento de escritos, quando comecei a trabalhar como “foca”, em A NOTÍCIA, ainda sem ter cursado o primeiro período do curso de Comunicação Social na UA – Universidade do Amazonas e atualmente UFAM. Era a única Faculdade que existia e há 40 anos, abriu a primeira turma do curso de Comunicação Social. Não lembro se foi na primeira ou segunda turma da UFAM que ingressei. Hoje, existe uma proliferação de Faculdades particulares. Algumas, formam muito bem seus profissionais; outras, expedem diplomas para “analfabetos” de terceiro grau. Essa realidade também é muito triste. Reprovava “doutores” durante as entrevistas para empregos, passando-lhes simplesmente um “ditado” e terminava por escolher pessoas que tinham apenas o ensino médio completo e que demonstravam querer aprender. Formei uma boa equipe de colaboradores e muitos deles ocupam cargos chaves na instituição que dirigi por 12 anos, até minha aposentadoria por invalidez em 1996, vítima de empiema cerebral, seguido de duas infecções hospitalares incuráveis. Tenho orgulho do que fiz e não me arrependo de nada e faria tudo de novo! Ah, por fim, a inflação foi embora e fui à feira, com minha esposa. Constarei que também não se pode mais se usar a frase que definia o preço baixo de algum produto no passado - “está mais barato do que banana” -. O preço da banana em cacho também subiu muito, está também pela hora da morte, se é que morte tem hora para vir nos buscar para junto de Deus ou do diabo, dependendo de como se vivemos na terra.
Mesmo com todos os defeitos de falir um banco em sua reeleição, sinto saudades de quem “degolou o dragão da inflação”, porque parece que não ficou bem morto e enterrado. O “dragão da inflação” conseguiu emendar sua cabeça e voltou a sobrevoar as lembranças dos consumidores que viveram esse período e atormentar a todos, de novo! Mas não é mudando um Governo que vai se resolver o problema. É preciso mudar a mentalidade da sociedade coletiva!