A agenda para 2016

A agenda para 2016

Flávia Arruda 06/01/2016

O ano se inicia, dá as caras, e com ele vem à primeira reflexão sobre reorganizarmos nossa vida, fazendo o levantamento do ano anterior e balanceando o que fizemos de bom com o que pegou a contramão das boas andanças, caindo nas malquerenças das peças que a vida nos prega. O quebra-cabeça teria que ser montado e afixado nas memórias urgentes e precisas.

Muitos são os pensamentos a borbulhar no juízo, é um turbilhão de ideias e pensamentos desalinhados, descompassando a vida real. Precisava tomar uma atitude diante de tamanha confusão. Isso! Por que eu não pensei nisso antes? Este é o primeiro passo para a organização da minha bagunça mental, a solução para este momento, relacionar tudo o que pretendo fazer no ano de 2016. Decidi comprar uma agenda nova para fazer minhas anotações, registrar impressões e destacar metas. Traçar objetivos e pensar um dia de cada vez, com tranquilidade, sobre como caminhar e por onde caminhar, até encontrar o prumo das minhas incertezas.

Fui à livraria mais próxima e tratei em comprar o caderno que acolheria as minhas divagações. Nele eu estaria disposta a colocar todas as minhas vontades e necessidades. Seria uma espécie de baú ativo, orientada pela minha razão, para me ajudar a lembrar das coisas que normalmente esqueço, principalmente nos momentos de maiores necessidades. Eu haveria de me disciplinar e tomar jeito nas coisas diárias, sem perder a magia dos sonhos, pois, destes, eu não abro mão, ainda que sejam guardados por tempo indefinido, adormecidos sobre as plumas das minhas lembranças.

Ao chegar a minha casa, adentrei meio alvoroçada, e, num aperreio só, joguei bolsa, sacola e penduricalhos em cima do sofá. Agarrada a nova agenda, sentei-me à mesa da sala de jantar. Parei por alguns instantes para admirar minha nova aquisição. A capa dura mostrava-se imponente, era linda, toda trabalhada nos motivos animal print, com tons rosa e terra, muito feminina por sinal. Ali estava à oportunidade de me redimir dos erros do ano passado e tentar acertar os próximos passos. Estava otimista em fazer tudo certinho e, ao final, ganhar o diploma de menina aplicada.

Ao levantar a capa dura e multicolorida, dei de cara com a primeira página do que será o meu guia diário pelos próximos doze meses. A primeira página estava demarcada em duas partes. Na primeira parte reservada para os meus dados pessoais. A segunda parte acolheria observações pertinentes, em caso de emergência. Aprontei-me em responder.

Primeira parte

Nome: Flávia Arruda

Endereço: Rua da paixão

Cidade: Do amor

Estado: Do coração

Logo abaixo, após a linha que separa os dois espaços, sugeria que eu respondesse outras perguntas a partir do título: Em caso de emergência avisar... (respondi prontamente)

Segunda parte

Nome: Deus

Grau de parentesco: Filha

Telefone: Oração do Pai Nosso

Alergia: Ao Ódio

Grupo sanguíneo: Solidariedade

(E por último...)

Outras informações: (não resisti...)

Aqui jazem os rascunhos da minha alma!

Pois bem, que descansem até que ela ressurja, a dona da alma.

11/01/2016.