O GOLFINHO PREDADOR
Hoje dei-me conta que o golfinho de janeiro é predador, principalmente de papai noel de dezembro.
Bem na esquina democrática uma senhora avantajada em idade e peso, ruiu de seus talvez 1,70 m, se tropeçou, se ela estava faminta ou se foi um mal súbito isto passou batido pela visão periférica.
Também dei-me conta que posso ser omisso, que posso afastar-me sem sentimento de culpa. Eu já tinha assumido compromisso e faltavam 10 min. não era compromisso com o almoço, embora já passasse das 11:30 horas, não era compromisso cartorial, não era compromisso comercial, era compromisso de ser omisso - trocadilho ruim, então afastei-me, mas não sem antes certificar-me que ela era socorrida. Três ou quatro sexagenários correram levantando-a e amparando-a e assim evitando que ela despencasse novamente, embora transitassem por ali dezenas de jovens saudáveis. Ela segura buscava esfregar na altura da coxa. Na velocidade da imaginação para desgraça pensei que poderia ser uma fratura de fêmur, seria horrível se parte do osso se expusesse, então rapidamente desci pela Uruguai. Por alguns metro esbravejei contra o golfinho que devorou o papai noel e assim não restou um representante da sociedade, de qualquer que fosse a instituição para socorrer a pobre mulher.
A tal esquina democrática, só é bem democrática quando se presta para manifestações políticas e culturais, de resto, nem sempre.
Na esquina da José Montaury eu resolvi voltar a cena do acidente, subi a Borges de Medeiros e quando cheguei ao exato ponto, não havia nem marcas do acontecido.
Sentimento de culpa? Culpa por quê?
- Afinal todos somos culpados!
Hoje circulando por lá, talvez somente anjos, anjos invisíveis, pois os prateados provavelmente tenham sido devorados pelo tal golfinho.