Uma flor ao lixo
Conheci um homem esses dias atrás, um tanto incomum por assim dizer. Esse homem, cujo valor não se podia reconhecer pelas cascas que carregava, chamadas de roupas. Mas ao abrir de sua boca, produzia mais ouro do que já fora extraído da terra.
O solo do seu coração era fecundo, onde a vida encarregou-se com todo cuidado de arrancar, desde a raíz, as ervas daninhas do orgulho, da vaidade e da ganância humana. Suas palavras sempre polidas, hora eram agulhas, hora bisturis da alma, faziam penetrar-se dos ouvidos até a mais tênue divisão tricotômica do meu ser.
Seu falar cotidiano era pura poesia, tão ilustradas e mnemônicas quanto um mito tolkieniano. Quem o via, desdenhava dizendo: "Não passa de um mendigo, um ninguém, um pobre coitado".
Em seu corpo, camadas de poeira de suas andanças por esse mundo afora. Nos olhos, a serenidade de quem viu de tudo, passou por tudo...
O sujeito tinha feito faculdade, mestrado e doutorado, até dado aula na Universidade ele tinha. Mas quando o chamei de doutor...
- Doutor, não! Meu nome é Senhor Lixo da Silva. Doutor nunca mais! - me disse um pouco alterado.
- Por que Silva?! Ora, somos todos Silva! - ele pergunta, ele mesmo responde.
- Carrego tudo em duas sacolas de lixo, e não sou melhor do que aquilo que possuo. Logo, sou o lixo mais inteligente que você já viu! - Me disse em tom descontraído.
E assim, de súbito explicou-me suas razões, se é que existem ou fazem-se entender.
Outra pessoa que tive grande aprendizado se chama Seu Florildo. De uns quarenta e poucos anos, e que ninguém tinha ouvido falar até que ganhou na mega. Virou doutor. E ai de quem dissesse o contrário! - Doutor Florildo Andrade pra ocê fii duma égua prenha!
O homem não tinha estudo, de modos broncos e muitos palavrões. Mas como ficou rico da noite pro dia, agora era a celebridade, até virou amigo do prefeito.
Conheci um homem esses dias atrás, um tanto incomum por assim dizer. Esse homem, cujo valor não se podia reconhecer pelas cascas que carregava, chamadas de roupas. Mas ao abrir de sua boca, produzia mais ouro do que já fora extraído da terra.
O solo do seu coração era fecundo, onde a vida encarregou-se com todo cuidado de arrancar, desde a raíz, as ervas daninhas do orgulho, da vaidade e da ganância humana. Suas palavras sempre polidas, hora eram agulhas, hora bisturis da alma, faziam penetrar-se dos ouvidos até a mais tênue divisão tricotômica do meu ser.
Seu falar cotidiano era pura poesia, tão ilustradas e mnemônicas quanto um mito tolkieniano. Quem o via, desdenhava dizendo: "Não passa de um mendigo, um ninguém, um pobre coitado".
Em seu corpo, camadas de poeira de suas andanças por esse mundo afora. Nos olhos, a serenidade de quem viu de tudo, passou por tudo...
O sujeito tinha feito faculdade, mestrado e doutorado, até dado aula na Universidade ele tinha. Mas quando o chamei de doutor...
- Doutor, não! Meu nome é Senhor Lixo da Silva. Doutor nunca mais! - me disse um pouco alterado.
- Por que Silva?! Ora, somos todos Silva! - ele pergunta, ele mesmo responde.
- Carrego tudo em duas sacolas de lixo, e não sou melhor do que aquilo que possuo. Logo, sou o lixo mais inteligente que você já viu! - Me disse em tom descontraído.
E assim, de súbito explicou-me suas razões, se é que existem ou fazem-se entender.
Outra pessoa que tive grande aprendizado se chama Seu Florildo. De uns quarenta e poucos anos, e que ninguém tinha ouvido falar até que ganhou na mega. Virou doutor. E ai de quem dissesse o contrário! - Doutor Florildo Andrade pra ocê fii duma égua prenha!
O homem não tinha estudo, de modos broncos e muitos palavrões. Mas como ficou rico da noite pro dia, agora era a celebridade, até virou amigo do prefeito.