EM NOME DO PAI...
EM NOME DO PAI...
Acabadas as festas, espécie de síndrome de solidão, vinha me acompanhando. Procure um psicanalista, recomendaram-me.
Consulta: cinco cédulas de cem, recolheu a atendente. Não atendia por nenhum convênio. E indiciou-me a sala no fim de um corredor escuro. Um tanto lúgubre. Mandou-me sentar à frente da mesa. Estava com inúmeros papeis nas mãos. Contas, contas, dizia, sem ao menos me olhar. E continuou desfilando outros problemas insolúveis. O filho teimava em estudar publicidade. Profissão sem futuro garantido. A mulher foi à praia e deixou-lhe os três cachorros para ele cuidar...
Já tinha me esquecido o que fazia ali, vendo aquela figura desesperada. Quando avistei ao lado dele uma Bíblia. Leia o Salmo 40 que vai sentir-se aliviado, disse-lhe. Sem saber que espécie de Salmo ou o que ele dizia. Ele a pegou sôfrego e começou a ler em voz alta. Em poucos minutos, pelo semblante era outro homem. Fiz o sinal do Pai, do Filho e do Espírito Santo, beijei o crucifixo que carrego sempre e sai, sem sequer me despedir. Quando pisei à rua, senti-me que nunca tinha empregado tão bem os R$500,00.