Revivendo as Tradições.

Num desses dias

Do mês de março de 2002

Entrei no meio da conversa

Pôr Ter chegado depois

Mas o assunto me interessou

Pôr se tratar de um saudosismo

De um tempo em que os abismos

Eram só mais uma proeza

Das ribanceiras da vida

Pois para quem vive na lida

E se joga de coração

Seja empregado ou patrão

Só existe uma saída.

Aprofundo-me no assunto

Sempre atento no converse

Pois queria muito saber

Sobre o viver da nossa gente

Uns amigos outros parente

Que viveram tempos atrás

E do lombo dos animais

Tiravam o seu sustento

Andando sempre atento

Pois era exigência da função

Transportar a produção

Pôr muitas e muitas léguas

E só mulas filhas de éguas

Podia agüentar tal tranco

Cruzando pôr atoleiro

Penhasco e barranco

Andando sempre em tropa

Como um carreiro de formiga

Num carreiro bem estreito

Com uma chincha na barriga

Outra mais sobre o peito

Assegurando uma cangalha

Com bastos feito de palha

Do tronco da bananeira

Pois não podia andar as neira

Com uma carga pesada

Passando o dia na estrada

Seguindo o mesmo compasso

E para mudar o passo

Só pertinho da chegada

As bruacas ou bolsa de couro

Faziam um certo choro

Ao ranger das alça apertada

Pelo peso dos mantimento

Quando estava carregada.

Se vazia

Au trotar das mulas

Fazia um barulham

Quando a tropa era grande

Parece que tremia o chão

E só não dava desespero

Porque o barulho do sincerro

Da velha mula madrinha

Que na frente sempre vinha

Conduzindo a manada

Todo mundo conhecia

Pelas suas badalada

A conversa continuava

Sempre a mesma direção

Com todos que ali estavam

Prestando muita atenção

Mas pelo Dom que DEUS me deu

Dava atenção especial

E vi que o brilho nos olhos

Já não era o normal

Pois misturava a saudade

Com um rastro de lembrança

Do tempo que eram criança

Mas viviam com liberdade

Eu sentia em seus semblantes

Que ao relembrar o passado

Ia aflorando os assuntos

Num converse emocionado

O Calixto o seu Antônio Bibiano

O Juca Dia e o Lealsino

Que pôr obra do destino

Ali haviam se encontrado

E sendo observado

Pôr uns curiosos atento

Que sentiam não ser invento

Mas a pura realidade

Que diziam ser verdade

E até iam além

Chegando a falar também

Dos peões que carretiavam

E dos ternos de animais

Que na época eles usavam

Sempre da mesma maneira

Dos estalos de soitera

Que ao longe se ouvia

Puxavam carretas cheias

Como se fossem vazia

Dizem que tinha uns carreteiros

Muito guapos na soitera

Montando um cavalo do coice

Tocava os da dianteira

Que chegavam a se abaixar

E antes mesmo de apanhar

Cruzavam a ribanceira

Para o senhor Afonso

Trabalhava um Cardosinho

Que apesar de ser baixinho

Era muito bom na estrada

Lidar com terno de mulas

Pra ele era barbada

O Calixto então falava

Da escola perto da estrada

Onde muitos carreteiros

Deixavam a carreta Carregada

Indo atrás do senhor Afonso

Que apesar de sua idade

Passava pelo atoleiro

Sem nenhuma dificuldade

Já no Passo Osvaldo Cruz

Tinha uma espécie de atacado

Que compravam mercadorias

Trazidas de todo lado

Enquanto os carreteiros

Passavam dias na estrada

Levando mercadorias

Pra Osório e Santo Antônio

Onde seriam negociadas

Levavam flor de pireto

E muitos produtos colonial

De lá traziam querosene

Farinha de mandioca e sal

Pôr aqui vou encerrando

Agradecendo a sua paciência

Falo o que ouvi dos outros

Não vivi esta experiência

Mas escrevi de coração

Pago se tiver devendo

E continuo escrevendo

As coisas do meu rincão.

Poeta Edgar
Enviado por Poeta Edgar em 08/01/2016
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