UM NATAL SEM O MENINO JESUS
UM NATAL SEM O MENINO JESUS.
É estranho falar de natal, sem falar do nascimento de Cristo, apesar do comércio e os meios de comunicações aproveitarem a ocasião para divulgar um tal velhinho de barba branca,conhecido como Papai Noel. O comércio aproveita o momento para vender seus produtos que se tornarão presentes natalinos. Esse ritual de dar presentes teve origem no dia do nascimento do Salvador, quando três Reis Magos, ao visitaram a família sagrada, nos arredores de Belém, num estábulo, junto a manjedoura, ofertaram presentes ao menino Jesus como: ouro, mirra e incenso. A partir desta data, o mundo cristão passou a comemorar o fato com a montagem de um presépio e a entrega de presentes.
Neste ano, a Praça Matriz em Cocal recebeu novamente a montagem do presépio, para deleite de todos os cocalenses. É rústico, feito de palha e madeira, mas nos remete ao passado glorioso e divino, do dia do nascimento do salvador. Apesar de ser a mesma coisa, sempre temos a magia de olhá-lo e nos maravilharmos. Oportunidade de tirar fotos com quem amamos, tendo como cenário, ao fundo, o presépio. Diga bem as crianças que invadem o recinto, deixando o guarda doido de raiva; adoram sentar sobre os animais de barro. Mas algo novo me chamou atenção neste ano. O presépio estava incompleto. Faltava seu principal símbolo, o menino Jesus. A magia está desfigurada e as figuras me pareciam infelizes. Olhei atentamente e vi a vaca de costa, ignorando a cena, o galo caído, não vai cantar “Jesus nasceuuuuu”, e o que mais me chamou atenção foi a figura dos três Reis Magos. Parecem atônitos com seus presentes nas mãos ao olharem fixos para o chão como se perguntassem, cadê o menino Jesus?. Nossa Senhora, ao lado de José, está de cabeça baixa e mãos postas como se tivesse tomado um susto, ou fizesse uma oração, enquanto José coloca a mão sobre o coração. Jesus sumiu! Fiquei incomodado com a cena e logo procurei alguém da Igreja. Curioso perguntei a Iranêide, uma das religiosas, e ela me respondeu prontamente. “Quebraram a imagem do menino Jesus”. Meu Deus! Fiquei triste. Mas observei que ninguém ignorou o fato. Continuaram a tirarem fotos. Talvez eu tenha sido o único a notar sua ausência ou talvez encontrar explicação para o fato, pois na Noite de Natal, quando a praça estava lotada de cristãos, observei que todos deram as costas para o presépio e fixaram suas atenções no altar. O padre Roberto celebrava a Santa Missa. Num certo momento, fim da celebração, uma estranha e deliciosa sensação tomou conta de todos. O menino Jesus se fez presente em forma de espírito e acalentou nossos corações com uma magia que só o natal pode trazer. O menino não estava na manjedoura, não era uma estátua fria, mas estava presente em todas as crianças que corriam pela praça. Cristo renasce todos os anos, nos corações de cada um, como presente de DEUS. Os cânticos, como vozes de anjos, embalaram a noite, enquanto abraços e mãos apertadas se saudavam, acompanhadas de uma das mais belas frases de amor. “FELIZ NATAL”
JOÃO PASSOS