Fumas?
As sequelas múltiplas que me tragam como a um cigarro vão reduzindo-me à cinzas. Despedidas são reprisadas em minha mente como flashes de agonia incentivados pelo apego de uma memória masoquista.
Vejo a partida de quem jurou ficar. Aquele adeus jamais dado envenena-me o espírito dilacerado em mil pedacinhos.
Incapaz de conviver com a ausência de quem se faz presente, grito. Um grito enterrado entre a interrogação jogada no meio do vazio. Um grito em busca de respostas que jamais virão.
Meus olhos somente refletem aquela sombra de abandono. Afasto os olhares pousados sobre o rascunho do que um dia fui com meu aroma de saudade, insônia e solidão. Banho-me dos fantasmas das palavras que ecoam na minha cabeça como a canção fúnebre do cortejo que por mim aguarda. O silêncio também faz-se ouvir, como aquele que diz ter avisado. As rosas de minha alma definharam até a morte e o colibri que punha-se a beijá-las já não vem alegrar-me com seu canto suave.
Deixei de ser jardim. Tornei-me vácuo. Talvez um refúgio de desesperados. Modelo do que não se deve ser.
Existo. E na dor da existência sobrevivo, pois, da esperança de um dia não mais existir.
O último trago foi dado. Já não pode-se, de mim, sugar nada. Largue-me ao cinzeiro.