Acelera e morre

Alguns psicanalistas dizem que a maioria dos brasileiros fogem,

temem o enfrentamento. Isso parece mensurável não apenas nas questões culturais e existenciais, mas também nos gestos sociais que repetimos no cotidiano. Um cotidiano bélico no qual o choque, a violência e a morte não são "personagens" coadjuvantes.

Ontem na tv, mais uma vez alguém assumiu ter acelerado.

O estudante paulista acelerou o carro, antes de levar o tiro.

Disse que ficou assustado, acelerou. Depois morreu.

Parece estranho que o susto quase nunca paralise.

As pesquisas da mídia apontam: mais de 90 por cento dos que aceleram, morrem. Quanto mais acelerado, mais distante do real?

Mais do que o gesto de acelerar, chama atenção a sua repetição.

Por que acelerar frente ao ladrão que repete diariamente o seu gesto? Não sei se a vítima acelera mais para evitar as perdas materiais, ou por medo de enfrentar, como perdedor, o assalto. A bola é sua, leitor.

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