Parecia uma lapadinha

Há no Recife um restaurante fino chamado "Leite", ele marcou a história social e política do Recife. Era o local preferido dos encontros da elite política e financeira. Jáfoi mais badalado, mas continua fiorme e forte.

Só almocei no Leite uma vez, logo depois do golpe de 64. E fora ao Recife e me encontrei com meu irmão que era engenheiro e estava fazendo um projeto e umas plantas para um empresário, iria almoçar com o sujeito no Leite para tratar do assunto. Ele me rebocou, a contragosto meu, para o danadfo desse almoço.

Pensem nio me desconforto quando adentrei no ambiente, estava usando uma calça faroeste, uma camisa daquelas "Volta ao Muindo" que não transpiravae calçandio um sapato vulcabrás que era uym forno para os pés e uma fábrica de chulé. No restaurante todo mundo bem vestido, eu era um estranho no ninho. Lembro que tinha até um pianista tocando a música "La vie en rose". Tudo chique e eu pisando em ovos, um matuto assustado.

Bom, meu irmão e o empresário fizeram os pedidos, nem me consultaram (pra quê?) e começaram a falar no projeto. Trouxeram uma cestinha com uns pãezinhos miudinhos e um negocinho com manteiga, fui comendo os danadinhos com manteiga,comi todos, aí vi uma espécie de copinho com uma aguinha, pensei, juro, que era uima lapadinha pra abrir o apetite. Não tive dúvidas tomei a danada. Meu irmão e o empresário cairam na gaitada, era a loão, um preparado líquido, para limpar os dedos, uma coisa assim, bem que desconfiei do gosto, na hora penseique era cachaça do estrangeiro.

Entõ trouxeram o almoço, comidinha de doente, um filezinho acanhado,purê, salada... estava na hora do matuto reivindicar, chamei o garçon depois de mordiscar o filezinho e perguntei se tinha costeleta de porco, farofa e feijão, e umas lapadas de cachaça. Trouxeram, enchi a pança, tomei umas dez lapadas de cachaa mineira, lavei com cerveja, comimetade de ujm pudim de sobremesa, tomei um café e ainda dos cálices de uimlicro chamado Cointreau. Não pagujei um vintém. Apenas soltei um arrôto. Meu irmão me deixou na Rodoviária ainda rindo naop do almoço extgra, mas dolíquido dos dedos que eu tomei.

Alguns dias depois a notícia apareceu em Arcoverde, meu irmão cntou a uns caras e eles boataram. Virei uma celebridade, o cara que deu show no restaurante dos ricos sem ficar com vergonha de ser matuto. Até no cabaré as pujtas me parabenizaram. Nunca mais fui ao Leite e nem tomei a lapadinha dos dedos. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/01/2016
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