DA COMIDA DE BORDO À VENDA DE SANDUÍCHES NOS AVIÕES

Comentários no link http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2016/01/da-comida-de-bordo-venda-de-sanchiches.html

Esqueçam as altas, elegantes e desejadas aeromoças que serviam refeições quentes a bordo dos aviões da Cruzeiro do Sul, Vasp, Varg e, mais recentemente, da Transbrasil, desfilando seus corpos esguios por entre poltronas espaçosas e confortáveis aos passageiros. Nada disso existe mais nas atuais companhias aéreas que cruzam os céus do Brasil. Tudo mudou para pior na aviação brasileira. As refeições quentes do passado, antecipadas por lenços de pano quentes, cheirando a lavanda, foram substituídas por barras de cereais em alguns voos ou pela venda de sanduíches a um preço exorbitante, acompanhados de lenço de papel e suco de lata, também vendido a um elevado preço. Só lenço de papel ainda é de graça, por enquanto, mas não sei até quando será assim!

Quem quiser compra e paga no cartão de crédito que segue na mão das atuais aeromoças, que podem ser baixas, altas, gordas ou magras acompanhadas de homens também gordos, barbados, parecendo mais garçons transitando com seus carrinhos entre apertados corredores das aeronaves e cada vez mais apertadas e desconfortáveis poltronas dos passageiros. Quem quiser compra, quem não quiser passa fome porque não se pode pode descer de 14 mil pés de altura em pleno voo para adquirir um lanche bom, barato e mais gostoso lanche. Ninguém desce, é óbvio! Ou compra ou passa fome no voo. Os carrinhos de servir continuam os mesmos, mas é só o que restou do glamour que havia no passado! Quem controla e aprova os preços da venda dentro dos aviões? Quem aprova e fiscaliza a tabela de preço? Um sanduíche frio custa 15 reais! Caro demais para quem já adquire uma passagem caríssima! Em poucos voos de companhias aéreas ainda servem barras de cereais dentro de alguns aviões, mais confortáveis, espaçosos e com passagens mais caras também.

A Transportes Aéreas Marília – TAM, mesmo com proibição da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), decidiu cobrar de 20 reais a mais no valor das passagens em voos nacionais e de 30 a 70 dólares em voos internacionais pelo chamado “Assento Conforto”, nas primeiras fileiras dos seus aviões, embora, essas vagas só podem ser utilizadas por clientes que tenham problemas de locomoção, deficiência auditiva, idosos, gestantes e clientes que não conseguem ler ou entender as instruções de segurança, como define a ANAC. A TAM foi a primeira empresa a cobrar valor mais caro pelo assento confortável!

Hoje, homens fardados, com baixa altura, barbas no rosto por fazer - o que não se via antes - lhes emprestando um ar de sujeira -embora não seja exatamente isso – como se fossem garçons de bordo, desfilam carrinhos cheios de sanduíches e sucos em latas entre os apertados corredores dos já apertados aviões, acompanhados de aeromoças também de baixa estatura e bem-vestidas. Em viagem ao Rio de Janeiro para assistir à queima de 16 minutos de fogos de artifício na barraca do Habib´s, pensei nesse assunto e passei a observar tudo atentamente. No restaurante japonês Origame, lembrei dos antigos lenços umedecidos dos serviços de bordo, porque os ofereceram para limpar as mãos, antes de chegar o pedido. Recordo que no ano de 1982, viajei a Natal pela primeira vez, em um voo noturno. Como o valor das passagens aéreas eram muito caras, a empresa aérea Transbrasil criou e implantou o “Voo Econômico Noturno”, com passagens com menor valor e as pessoas começaram a voar pela companhia aérea que o tinha criado. Depois, outras também criaram e passaram a precarizar os serviços de bordo, até que todas desapareceram e só restaram alguns aviões em Aeroportos do Brasil

Chamava-os de “Voo Miserável Noturno” porque nada era servido e os horários eram sempre a partir de zero ou no início da madrugada. Como jornalista, em 1982, embarquei em uma aeronave Arbas 400 da Transbrasil, com destino a Natal para fazer cobertura para os jornais de Manaus,, de um congresso promovido pelo CDL no recém-construído Centro de Convenções de Natal. Na hora que começaram a servir a refeição, na hora em que as aeromoças estavam servindo o jantar o avião desceu mais de 400 metros de altura. Como era assessor de comunicação de entidades do comércio de Manaus, viajei acompanhado os empresários, Aramis Mafra Castelo Branco, gerente da TV Lar e ex-proprietário de loja de roupas de griff; José dos Santos Azevedo, proprietário da rede de lojas TV Lar, na época, exercendo a presidência do CDL/Manaus, que estava em pé colocando gelo e wiski em seu copo, bateu com a cabeça no teto e sofreu um corte pequeno, sem maiores consequências. Na mesma hora, caminhava para o banheiro. Também me assustei, tombei para um lado e para outro, mas não sofri nada. Estavam no mesmo voo outros empresários do comércio de Manaus, como o dono da ourivesaria Ouro e Hora Novellino Meneguinne (in memória) e vários outros que não lembro mais...Os que cito nessa crônica me marcaram muito por diversas razões ou motivos!

Foi uma viagem inesquecível e mantenho-a na memória até hoje. Nada existe mais como fora antes na aviação brasileira. Tudo mudou para pior!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 06/01/2016
Reeditado em 07/01/2016
Código do texto: T5502454
Classificação de conteúdo: seguro