Sinal vermelho
Quando o “sinal” ficou vermelho e os carros pararam ela chegou, com um cesto de vime repleto de balas e doces : era alta e magra, talvez pela dureza da vida que levava vendendo doces no “sinal”, ou quem sabe? Por ter uma genética boa, levando-se em consideração que CERTAMENTE ela não dispunha de um Personal trainer nem frequentasse uma academia.
Creio que ela era uma das raras mulheres que gostariam de ter m pouco mais de carne a lhe cobrir os ossos, pois sua aparência além de lhe emprestar um ar de fragilidade, lhe dava também um aspecto de doente, o que culminava em atrapalhar que se aproximasse das pessoas.
Soube que se chamava Estela (ela própria dizia quando alguém fechava o vidro do carro ao vê-la se aproximando):
-A Estela não vai lhe fazer nenhum mal não moço. Quero apenas vender meus doces.
Quando alguém comprava seus doces ela gritava ao sair:
-Vai na paz! Que Deus lhe abençoe!!!
Em qualquer dia da semana ela estava lá. Aquele lugar já lhe pertencia... Tinha a cara dela. Todos que passavam por aquele caminho diariamente já sabiam que a veriam ali. Até que um dia ela não apareceu...
Passaram-se os dias e NADA!!!Depois de um tempo soubesse que um desses “nóias” (rapazes que roubam para comprar drogas a haviam assaltado):
Estela estava retornando para o aconchego de seu humilde lar, quando teve seu cesto arrancado de suas mãos, ela lutou, esperneou: ali estava tudo que havia conseguido durante o dia. Na luta que travou com o “nóia” ela foi jogada ao chão. Caiu. Bateu forte a cabeça. Foi socorrida, porém sucumbiu aos ferimentos e morreu...
Agora o “sinal” está vazio, sei que logo alguém irá ocupar o lugar de Estela no “sinal”, mas será que seu lugar será ocupado nos corações de que gostava dela???