MEDO (IN)JUSTIFICADO

Para algumas pessoas é inconcebível o medo que outras tem de amar, com tantos outros medos justificáveis, perante seu ponto de vista, medo do desemprego, da violência, da tão temida solidão, etc, etc, etc...

No entanto, quem já amou sabe exatamente de onde vem esse medo que nos percorre a espinha dorsal, fazendo congelar cada uma das vértebras que se estende ao longo dela.

O mais nobre sentimento acaba. E quando isso acontece torna-se o mais perverso e impiedoso dos tiranos, elevando sua insensibilidade e crueldade, a um grau jamais imaginado.

Sem anestesia ou sedação, rasga-te de um extremo a outro, deixando a sua dor desvelada perante olhares curiosos e maldosos, seu amor próprio com fratura exposta, e seu coração escalpeado.

Humilhado você se encolhe, como um feto que retorna ao ventre que o gestou, sem a menor intensão de sair dali.

Além da humilhação, o sentimento nobre e intenso, abre chagas imensas no seu corpo, no seu afeto, na sua doçura, e principalmente na sua inocência.

Diante de tamanha dor, nos entregamos sem medo, àquela que sempre fora um dos nossos maiores medos: a morte. Mas, pra nossa completa humilhação, até a morte nos rejeita.

O tempo passa, e aparentemente tudo volta ao normal. Aparentemente, só quem passou por essa experiência, sabe que por trás da pele lisinha existem cicatrizes invisíveis, um corpo vazio, uma alma oca e um coração estéril.

Sem amor, nada faz sentido, logo, não temos mais motivos pra chorar, tampouco para risos ou entusiasmo.

Quando menos esperamos, ouvimos novamente o chamado do amor, e junto com ele o tão conhecido frio na barriga, ou borboletinhas no estômago, como costuma se dizer poeticamente.

Disfarçamos daqui, dali, trocamos de rua, fechamos o vidro do carro, tampamos os ouvidos, ligamos o som no último volume, mas não tem jeito, ele é mais alto, envolvente, sedutor como canto de sereia...

No fundo sabemos que não adianta relutar, que somos seres totalmente indefesos, perante o chamado do amor.

(Edna Frigato)

Edna Frigato
Enviado por Edna Frigato em 03/01/2016
Reeditado em 03/01/2016
Código do texto: T5498973
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