Comentando o livro "História do Brasil" Guia politicamente incorreto - Leonardo Narloch
Comentando o livro: “História do Brasil – Guia politicamente incorreto da” – de Leandro Narloch (Leya Editora, 2009)
Um trabalho de pesquisa que guarda isenção dos fatos históricos sem o ufanismo que a maioria das obras da História Pátria (grande parte financiada pelos governos de plantão) que nos empurram goela abaixo nas escolas e universidades da vida.
Segundo o autor, que é paranaense de nascimento, o Estado do Paraná e o Estado de Alagoas foram emancipados, de São Paulo e de Pernambuco, respectivamente, tendo em vista que os paranaenses não lutaram contra o ‘presidente’ da Província paulistana, em 1842 e Alagoas manteve-se fiel ao Império na ‘Revolta Pernambucana de 1817’.
As versões históricas que o autor apresenta, parte delas já era conhecida por nós e algumas comprovadamente verdadeiras, mas que os livros de história insistem em manter, quem sabe para não desagradar o governo ou talvez, para não polemizarem com aquilo que está no imaginário popular, mas não passa de lenda. Lenda criada por quem deveria contar os fatos sem a imposição política vigente.
Entre as principais versões históricas que anotamos como mais contundentes e que nos incomodam mais, estão:
“Quem mais matou índios foram os índios - Os portugueses ensinaram os índios a preservar as florestas - O contato entre civilizações matou muitos índios e também matou muitos europeus - Príncipes africanos (cujos pais vendiam escravos para o Brasil), vinham estudar no Brasil - Zumbi tinha escravos - Quando os escravos tinham olhos azuis (o termo escravos vem da palavra eslavos) - Machado de Assis foi censor do Império - José de Alencar era contra a abolição - A origem da feijoada é européia - Aleijadinho é literatura - Santos Dumont não inventou o avião nem o relógio de pulso - Prestes foi um revolucionário trapalhão”.
Não faremos análise dos fatores de mortes dos indígenas nem dos africanos e muito menos da escravidão negra e branca, por motivos óbvios. Vivemos numa época em que existem leis para criminalizar quase tudo e as opiniões sofrem todo tipo de censura. O que nos move, entretanto, é o desejo de enviar nossos leitores para a oportunidade de conhecerem a obra e tirarem suas conclusões.
Já sabíamos que a feijoada nossa é ‘à brasileira’. Se é à brasileira, é porque não foi inventada por aqui. Quanto a Aleijadinho, o autor garante que dezenas de obras atribuídas a ele foram esculpidas após a sua morte e o fato da sua doença degenerativa ter avançado estragando-lhe as mãos e outras partes do corpo inspiram-nos que muita coisa do que se diz por aí é lenda. Aproximar o nosso Lisboa – Aleijadinho, da figura de Quasímodo, da Matriz de Notre Dame, parece-nos algo plausível. O brasileiro sempre gostou de imitar pessoas e costumes do primeiro mundo.
Até bem pouco tempo sentia-me agredido quando alguém dizia que Santos Dumont não inventou o avião nem o relógio de pulso. Achava um absurdo a baixa-estima do brasileiro, que não reconhece seus heróis. Os americanos ‘irmãos Wright’ patentearam a invenção do avião e Santos Dumont voou contornando a Torre Eiffel com seu 14 Bis. Anos depois, o mesmo Alberto Santos Dumont construiu o Demoiselle que era parecido com a invenção dos americanos. E que ele não cometeu suicídio por achar um absurdo que os aviões despejassem bombas na 1ª Grande Guerra, isso parece óbvio. Ele não era um idiota e todas as máquinas eram idealizadas com o pensamento na... guerra.
Por fim, o autor tratou o governo Goulart como algo que o povo não conhece bem. Descreve a cumplicidade do governo de então com as empreiteiras e cita licitações de ‘Cartas marcadas’. É bom lembrar que a atual gestora do Brasil mandou inserir o nome de Leonel Brizzola entre os heróis da Pátria...
Voltando para terminar, conheci pessoalmente Luiz Carlos Prestes. Ele manteve seu discurso revolucionário até a morte. Conversamos e escrevi um artigo sobre ele na década de 1980. A execução de companheiros dele, que o autor denuncia, bem como a execução da ‘garota Eliza ou Elza’, dizem bem das arbitrariedades cometidas pelo grupo comandado por Prestes, a extradição de sua mulher, Olga Benário, grávida e executada em um campo de concentração na Alemanha de Hitler, as pazes que fez com Getúlio Vargas após a morte de Olga, são fatos e contra fatos não há argumentos. As trapalhadas cometidas por Prestes, desde a Intentona Comunista, também são fatos históricos conhecidos. No mais o livro é um importante vetor de conhecimentos para quem deseja conhecer outras versões históricas que não são interessantes para os governos. Vale a pena ler e pensar!