A essência do bar
Sabe, faz tempo que não escrevo. Pra se escrever deve-se estar com a mente limpa, livre de todo mal e todas as angústia do mundo dos homens. Alguns procuram uma igreja, outros, os bordéis. Eu procuro bares.
Entendo os bares como meccas, muros de lamentações mundo a fora; uma vez que aqui, o único peso a ser considerado é, e sempre será o peso da garrafa enchendo o copo, e me dando aquele sopro inspirador e além disso aquela forcinha pra bater o ferrugem dos dedos.
Aqui vê-se um pouco de tudo, desde motocicletas carentes de atenção, até os uniformizados a caminho do trabalho ou de casa.
Mais uma, por favor que eu quero escrever! Acendo um cigarro e vejo as mulheres, o carro vermelho e o dono do bar que sempre me recebe no seu mal humor habital. Já me acostumei até com isso, desde os tempos de escola bebia aqui.
É bom ver que no meio dessa epopéia louca e transvirada, pelo menos o Meu Bar continua o mesmo. Aqui, é como um refúgio, uma válvula de escape pra panela de pressão da vida.
Entendam, todos os cachaceiros ou devotos da cerveja adotam um bar - e eu sou particularmente chato com isso- tem que ter um som bacana pra se poder conversar bem, sem gritar; cerveja gelada, e o melhor: um banheiro que você não desmaie toda vez que precisar usá-lo.
E assim, o "Bar Feio" se tornou o meu bar primordial.
Se fosse pra me rotular como alguma coisa das qualidades as quais disse acima, me rotularia como cachaceiro. Alcoólatras vão a reuniões - como o grande autor Jim Knipfel próprio descreve.
E sem falar que o termo cachaceiro, pensando bem, não é tão pejorativo.
Se você é um cachaceiro que enche a cara e sai fazendo arruaça, aí é outra coisa. Eu só bebo minhas loiras geladas e escrevo.
Deixo aqui o meu agradecimento a todos os bares que mantém o seu espirito e sua alma originais, intocados.
E agora,se me dão licença, minha cerveja está esquentando
- É só.