A busca interior

A busca interior

Como rosas cálidas e tristes elas se comprimem e procuram desesperadamente um pouco de luz para mais uma vez perfumar e tornar menos penosas os espinhos cravados na carne daqueles que um dia colocaram sobre seus ombros o madeiro da cruz.

Não mais podendo transferir ou deixar no passado, não lhe resta outra alternativa a não ser enfrentar este inimigo algoz e cruel que todos os dias se coloca frente a frente em sua caminhada.

Como um gigante que não se atemoriza ante a força esmagadora dos golpes do senhor do destino e da vida, fica a se esconder das dificuldades como um rato num labirinto interminável e escuro.

Como protagonizador de uma peça escrita pela mão de um autor que entre seus atos recheados de grandes emoções,sonha em encontrar aquele que um dia entre juras de eterna felicidade.possa hoje,quem sabe, estender a mão num gesto terno de fraterna amizade.

Mas o seu inimigo,aquele que todos os dias tem que enfrentar, não lhe dá tréguas ,sequer dá lhe tempo para se refazer de suas dores,mas com a alma sangrenta ele sonha com o bálsamo que irá aplacar as feridas lancinantes

Das chagas abertas.

Por fim, num ato de extrema coragem,resolve ele,debater e digladiar com seu oponente.

Tendo como espectadores dessa luta insana somente sua consciência,com o coração descompassado aguarda seu oponente que todos os dias fica ao longe a lhe olhar vorazmente.Enfim, chegara a hora de estar cara a cara com seu desconhecido inimigo.

Para seu espanto, o olhar penetrante lhe fere e irrompe a alma e ele finalmente encontra-se com aquele que tanto quisera enfrentar , mas a coragem lhe faltava e fugia de tão difícil momento.

No centro da arena ,observa os portões se abrirem e por debaixo da armadura brilhante a espada em punho junto com o escudo prateado se encontram finalmente. Então o seu oponente retira o elmo e ele se abaixa sem fôlego diante de quem está em sua frente.... ele mesmo...o seu Eu maior.

Gilmar

Planaltina 14 de abril de 2005