Custo-malefício

Na época do governo militar, quando o Sr. Delfim Netto ocupava o Ministério da Fazenda, falava-se muito no “milagre econômico”. Que os especialistas poderão dizer se houve de fato ou não. A que custo esse “milagre” ocorreu, na hipótese de ter havido? Ao sequestro, tortura, assassinato e banimento de inúmeros brasileiros, alguns dos quais figuras proeminentes no campo da cultura e mesmo da tecnologia. Ou à própria restrição das liberdades individuais dos cidadãos.

No governo implantado pelos que se acreditam defensores do pensamento esquerdista, comenta-se que as pessoas de baixa renda puderam finalmente ter acesso a bens de consumo, cursos universitários e até à casa própria, coisa que jamais tiveram. Mas a que custo? Ao custo de uma corrupção, ao que parece sem precedentes, muito próxima de ser institucionalizada. Dela fazendo parte, para nossa frustração, junto a tradicionais e reincidentes direitistas, pessoas que aprendemos a identificar como socialistas e que, como tal, seriam ou foram perseguidas na época da ditadura. Aliás, essa dicotomia esquerda-direita parece destinada, pelo menos no Brasil, a ir cada vez mais perdendo o sentido.

Consideremos agora os crimes de morte, tentativas de assalto e outros atentados à segurança das pessoas, muitos deles de grande notoriedade face à indignação causada à sociedade. Podemos imaginar que dentro de pouco tempo a polícia brasileira, ou das grandes capitais, terá em seus quadros verdadeiros especialistas no ofício da investigação e da elucidação desses crimes. Tal a frequência com que eles ocorrem. É possível que, no futuro, policiais de outros países, sobretudo da América Latina, venham ao Brasil para cursos de especialização com os nossos. Mas a que custo? Ao custo da perda irreparável de vidas de pessoas comuns, de diferentes categorias sociais, que são extirpadas do seio de suas famílias dessa forma abrupta e, já não podemos dizê-lo, totalmente incomum.

Finalmente, nos parece justo concluir que tudo no Brasil é muito mais caro do que a gente imagina.

Rio, 04/09/2015

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 29/12/2015
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