Morte: Um Castigo?


O que é a morte, qual o seu significado? Acho que ele é mais simples do que parece a todos nós. Morrer significa que se esteve vivo. Todos morreremos um dia, e portanto, a morte não é um castigo, ela é apenas o fluxo da vida desaguando em seu mar.

A minha fé é na vida, não na morte. O que dói não é a morte em si, mas a separação. Choramos pelo que não nos ficou, pelo que perdemos, pela distância que se estabelece; é como se a pessoa que se foi tivesse viajado de repente para bem longe, e a única certeza, é de que não a veremos mais enquanto estivermos aqui. Mas resta-nos a esperança de um dia, quando a nossa viagem chegar, reencontrá-la.

Não desejo a morte a ninguém. Isto é falta de fé, além de egoísmo. Todo mundo que está vivo tem o direito de estar vivo. Há momentos de fúria, quando fico sabendo de algum crime cruel contra alguma criatura inocente, em que desejo a morte, o desaparecimento desta pessoa que o cometeu, mas depois eu vejo que estou errada. A morte de uma pessoa não faria justiça a ninguém. Deus não mata, Deus não nos ajuda nas nossas vinganças tolas e egoístas.

Existe um sentido maior por trás de tudo. Se meu inimigo morre, não é pelo mal que eu penso que ele me fez, não é por causa do meu desejo de vingança, do meu ego ferido, da praga que eu roguei. Ele morreu simplesmente porque estava vivo, chegou a sua hora. Jamais teria a pretensão de pensar que alguém morreu porque Deus achou melhor fazer justiça a mim, como se eu fosse alguma criatura livre de faltas, imaculada, pura, maior. Este pensar é apenas uma armadilha do ego.

Também não faz sentido desejar que a alma de alguém que se foi esteja queimando no inferno, o que denota a certeza de que nós iremos "para o céu," que somos bonzinhos, e que temos privilégios. Este pensamento já denota o atraso espiritual de quem o demonstra. A pessoa que se foi deixou amigos. Deixou família, filhos, quem sabe, pais, irmãos, admiradores. Ela teve uma vida que merece ser respeitada. Não merece ser exposta a escárnio, maledicência, ódio. Se eu não gosto de alguém que se foi, mantenho meu silêncio a respeito - mesmo que seja apenas em respeito à família que ficou, e que está sofrendo. O meu pensamento é livre, porém, e posso pensar o que quiser - mas devo ter cuidado até mesmo (e talvez, principalmente) com os meus pensamentos!

Viver é estar em contato direto com a morte, que descansa sempre a uma respiração de distância; se a respiração pára, eu morro. O corpo se vai. Mas existe uma parte que não morre, e ninguém pode matar. E esta parte vem de uma Força que passa por todos nós, unindo-nos como uma linha de costura, sem fazer distinção entre os "bons" e os "maus," os "seres de luz" e os "seres das trevas." Viemos todos das pulsações de um coração que conhece suas próprias razões, e só ele as conhece. 




Ps: Convido a todos a conhecerem meu site do escritor. Está lindo, e foi feito com todo carinho para que vocês se sintam acolhidos.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 27/12/2015
Reeditado em 28/12/2015
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