Samba no pé
Em seu tour final em direção ao aeroporto, passando pela região portuária, tráfego engarrafado, o visitante deparou-se com a bela extensão de muros altos, guardando atrás de si possíveis edifícios majestosos, na configuração do que poderia ser uma universidade. O taxista lhe explicou, num inglês fluente, que era quase isso – tratava-se da Cidade do Samba.
O visitante, sem nada dizer, ficou pensando: pô, de onde venho não existe uma Cidade do Rock, na Europa não existe a Cidade da Valsa, na Argentina não tem a Cidade do Tango, como no Caribe não se ouve falar na Cidade do Mambo, da Rumba ou da Salsa.
Intrigado, dirigiu-se ao taxista: “Que bacana. Por que isso”? “Talvez seja porque por aqui o samba é no pé”, disse o taxista. Mas na salsa, pensou o intrigado visitante, no mambo, na rumba, no rock e até na valsa o pé é imprescindível – e ele nem sabia da expressão “pé-de-valsa”.
Como também não sabia que havia um organismo, conhecido como Liga, que cuidava daquele conjunto de prédios e que organizava e promovia, totalmente sem fins lucrativos, o Carnaval, para a atenuação das lamúrias do povo sofrido.
E foi inevitável a conclusão do visitante – este é realmente um país grandioso.
Rio, 24/12/2015