Natal, com ou sem clima
Papai Noel existe!
É claro que eu nunca acreditei seriamente na existência de um bom velhinho que, na noite do Natal, sai do seu Polo Norte, voando num trenó, distribuindo presentes, descendo pelas chaminés das casas, uma porque casa com lareira e chaminé não é comum por aqui, outra porque pelo que eu sei renas não voam, e mesmo que voassem não conseguiriam planar um trenó sem nenhuma aerodinâmica.
Mas, Papai Noel existe!
Se bem que não me lembro de ter deixado em lugar algum meias penduradas para que amanhecessem cheias de presentes – mas sapatos na janela pelo lado de fora já deixei certa vez, meio que desafiando a sorte, rezando para que não sumissem, e no dia seguinte, para minha tristeza, não tinha nenhum presente, mas, para minha felicidade, não furtaram meu único par de sapatos.
Mesmo assim, Papai Noel existe!
Também nunca escrevi carta endereçada a Papai Noel pedindo um presente, nem ao menos tinha o endereço dele. Tampouco ficava na expectativa de o ver colocar o presente na árvore de natal, pois em minha casa, além da porta que ficava bem trancada, não tinha por onde ele entrar, a não ser que ele destelhasse a sala, mas acho que ele não entraria assim na casa dos outros de forma tão gatuna.
Porém continuo a afirmar: Papai Noel existe!
E em nenhum Natal de minha vida dei de cara com um velho gordo, de barba branca e comprida, usando óculos, com cara de bonachão, trajando abrigo e gorro vermelhos e coturnos num clima tropical, ainda por cima carregando um saco cheio nas costas combinando com a indumentária e grunhindo em tom fadigoso: “ho-ho-ho...”, quando poderia estar de chinelos e roupas leves sentado na poltrona vendo jornal.
Ainda que seja assim, Papai Noel existe!