Deixa partir...
Somos indivíduo, e não temos a total compreensão disso... E como é complicado caminhar e se dividir quando já nascemos indivisos. É tão árduo esse processo, como se não fosse complicado o bastante temos adicionado a isso tantas variáveis que é provável que em mais de uma situação da sua vida você se viu como um daqueles malabares de circo que inicia a apresentação com três bolas e daqui um pouco alguém joga outra, e outra, e então aparece uma assistente de palco, linda por sinal, ela coloca um banco e manda você subir, claro, sem parar de equilibrar as bolas. Você pensa, não vai ser fácil, no começo há um desequilíbrio, mas pouco perceptível, só alguns expectadores percebem, você em pouco tempo está finalmente familiarizado, no topo do banco com todas as doze bolas, que claro, você não tem ideia se vão parar de chegar. Nesse pedaço de tempo você se sente orgulhoso, mas eis que a assistente volta a surgir e ateia fogo em cada uma das bolas, você pensa e daí? Eu estou de luvas, elas vão me proteger, e você diz isso alto para tentar ver se de algum modo você acredita naquilo, acontece que o fogo queima, machuca suas mãos e ai você para, organiza as bolas e encerra a apresentação, não sem pensar se poderia ter entretido a todos por mais tempo. Você sabe que fez tudo que podia, mas aquele expectador atento viu sua falha, viu seu desequilíbrio e naquele momento congelado no tempo isso não é nada bom, mas é por causa desse expectador que te viu no momento de instabilidade que você recomeça os treinos nos dias subsequentes, e você volta, calça as luvas gastas, mas com esperanças novas porque aquele que você foi ontem partiu e de alguma forma você sente que caminhou no seu processo, se tornou menos INDIVISO, embora mais INDIVÍDUO. (único)
ahh meu amor, eu estou partindo mas levando seu amor comigo.