Sea Song

13:30: Chego no colégio com a cara toda suja de graxa. Porque, ajudei o meu tio, a passar graxa nos pneus e, mesmo tomando banho, não saiu a porra da graxa.

Enfim, as meninas me olham todas com cara de nojinho, não por eu, estar sujo. - Não...

Mas porque, a minha perna torta, tropica em vários lugares e, meu olho vesgo de visão dupla, vê vários chãos, de uma vez.

Tatiane: ''Temos pena de você, Vitão. Sempre tivemos. Você é um coitado e é um atraso na existência''.

Deixo pra lá, e mesmo assim, chorando. - Coloco-me, um sorriso no rosto.

Chego na minha sala, o Bruce é o único quem repara que, estou sujo:

- Vitão, por quê você está sujo?!

- Ajudei o meu tio Gilson a colocar graxa nos pneus, mano.

- E não tomou banho?! Hahaha...

- Tomei, mas não saiu essa porra!

- Ah, tá...

15:30: Chegamos do intervalo, Léozinho e Teka, tacam giz em mim, e, me apelidam de ''Vitão Dougado''.

18:00: Saí do colégio e reencontrei, a minha antiga paixão de infância. Franciele. - E ela, também, repara que eu estou sujo:

- Oi.

- Oi, tudo bem?

- Tudo.

- Pois, não parece, não, Victor.

- Por quê?, Posso saber?

- Você está todo sujo. Pasta de dentes no uniforme, giz na cara... Aff, menino!

- Você me conheceu assim, não se lembra?

- É verdade.

Sim, ela me conheceu assim. Mas, os que, maltratavam o meu corpo, eram outras pessoas. - Aielo e Lucas.

- Dá pra você parar de me olhar e, me deixa entrar na perua, por favor, moça?

- Deixo sim, moço.

Ela, estava linda naquele dia. Nunca me esquecerei.

Blusa preta, camisa branca, cabelos naturais castanho-claro. - E um piercing no umbigo.

- Vi, vamos ter de ir lá na sua prima, agora.

- Fazer o quê, Ciele?!

- Eu, pra receber o meu pagamento e, a Bruna, quer falar com você.

- Ué? Mas falar o quê?!

- Não sei.

Chegamos na casa da Bruna, por volta das 20:00. E ela, deu o pagamento da Franciele. - Uma merreca. Era uns R$200:

- Franciele, você pode sair! Preciso falar com o Victor, agora! - Com um tom acusador e bravo.

- Não! Ela fica, Bruna! Se seus pais vão ficar, eu tenho o direito de ter uma defesa, também. Então, ela fica!

- Grandes defesas, né, Vi?! Essa aí... Hahaha...

- Olha aqui, Bruna!

- Deixa, Franciele, deixa... O quê, que é, Boo?! Fala.

- Enfim, como você sabe, a sua mãe barrou o meu pai da casa dela...

- Não, não, não... Ela só não abriu o portão! E na casa dela, entra quem ela quiser!

- Mas o meu vô tá lá dentro! E o meu pai tem direito de vê-lo!

- Sim. Ele é filho. Mas ele iria arrumar treta se entrasse lá, como fez na casa da vó. Ele é irmão só no papel, Boo. Mas não fez nada pelo vô.

- Se ele não entrar lá, vou fazer e acontecer!

- Vamos embora, Victor. Vamos!

- É, Fran. Deixa pra lá, essa aí.

20:30: Acabei apanhando injustamente, acusado de ''defender'' o pai da Bruna. Senti sangue nos meus pulsos, escoriações no ombro e corpo. Além, das sujeiras na cara....

E as conclusões que eu tiro disso, é que meu corpo, é somente um lixo.

Um lixo que ninguém se importa...

Vitts
Enviado por Vitts em 23/12/2015
Reeditado em 23/12/2015
Código do texto: T5488641
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